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Sempre senti grande prazer pelas tragédias (não estou falando em catástrofes... abaixe as pedras). Sacrifício, perda, solidão, busca, anseio. Em outras palavras: nobreza. Para mim o nobre, o superior, o ideal tem som de cornetas, tem gosto agudo e forte. Os extremos são muito mais apaixonantes do que o cotidiano. Porém é no íntimo do cotidiano, no âmago da monotonia que se encontra a maior das tragédias, dos dramas. A vida. É muito fácil evocar os deuses das paixões humanas em grandes contos épicos de batalhas, amores separados por forças além do controle humano ou na história de mártires. Difícil é sentir toda a dor e angústia de mais um dia de trabalho, de um olhar indiferente da pessoa amada, da dúvida infantil que nos corrói a mente e que inutilmente lutamos para ignorá-la por não a considerarmos adulta (madura) o suficiente para que nos incomode. Poucos foram os que conseguiram expressar esse sentimento em suas obras. Conheço poucos, Machado de Assis, Chico Buarque e agora acabo de descobrir mais um gênio: James Joyce. Acabo de ler Dublinenses, livro que peguei por acaso, sem nem saber do que se tratava (e não é assim que começam as grandes paixões?) e que, devo confessar, não gostei muito de princípio. Mas devo confessar que chorei, diversas vezes chorei ao sentir o grau de honestidade e sensibilidade com que aqueles contos foram escritos. Quem, como eu, tiver interesse nas epopéias cotidianas deve experimentar. James Joyce - ai está um bom companheiro.
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