MP3 Slave (love satan)

Terça feira me bateu um surto de heavy metal. O Renato veio aqui em casa e trocamos algumas mp3, daí eu resolvi baixar um monte de coisas (peguei a discografia inteira do Gamma Ray, disco a disco). No meio dessa empolgação, comecei a buscar informações sobre bandas e vocalistas que eu gosto, pra saber as novidades. Fuçando no site do Michael Kiske, descobri que o SupaRed não existe mais, e o motivo é que ele (mais uma vez) não está satisfeito com a música que faz. O cara tem pirado ultimamente, mas nem vou comentar isso. No texto em que ele explica o fim do SupaRed, diz que um dos motivos são as pessoa que baixam os cds pela Internet ao invés de comprar. Ele zinga essas pessoas e as questiona, diz que apesar delas dizerem que amam a música, elas não apoiam-na e que muita coisa boa deixa de existir devido essa atitude. Confesso que doeu ouvir isso. Tentei de alguma forma jogar a culpa de volta para ele, tentei me convencer que a indústria fonográfica é uma prostituta sedenta por dinheiro que cobra preços abusivos, por isso as mp3 são uma forma de protesto, mas não adiantou.

Dias depois eu fui à Galeria do Rock, comprar ingressos para o show do Gamma Ray e do Kamelot. Descobri que o novo macete pra cobrar ingressos mais caros são os chamados "ingressos promocionais". A idéia funciona da seguinte maneira: Eles determinam o preço do ingresso, no caso do Kamelot 60$, então eles inventam um valor fictício e fora da realidade, 100$, e o consideram o valor real do ingresso. Então eles pegam o valor justo do ingresso e o identificam como Valor Promocional, e por isso, sem meia entrada, e o vendem em diversos pontos, menos na própria casa de shows. Quem deseja pagar meia entrada, deve se dirigir até o local do show e pagar o valor correspondente à metade da entrada, ou seja, 50$ (metade de 100$). Como as casas de show são sempre mais fora-de-mão do que a Galeria do Rock (onde os ingressos promocionais são vendidos), todos pagam 60$ e a história da meia entrada vira uma lenda urbana. Sem falar que os ingresso devem ser pagos com dinheiro vivo, uma vez que a maioria dos revendedores de ingresso para os shows não recebem nenhum dinheiro, e servem só como ponto-de-venda. Isso serviu para acalmar a minha tristeza a respeito dos comentários de Kiske. Com o dinheiro na mão, eu pensei em comprar o cd novo do Gamma Ray ou o do Angra, mas acabei não comprando. Os preços estavam normais, 25$ e 23$ respectivamente, do jeito que sempre foi, mas eu não consegui gastar dinheiro do mesmo jeito. Sabe, eu tenho um tocador de mp3 de 40gb e eu e ele não nos separamos nunca. Raramente eu escuto música através de cds agora, só mp3. Comprar algum cd significaria somente ter o encarte, pois o cd permaneceria intacto, puro desperdício de dinheiro.

Ainda não sei que conclusão chegar. Se eu tivesse uma banda, eu gostaria que as pessoas comprassem o cd, mas eu gostaria mais de ter minha música espalhada por todo o lado. Certa vez o vocalista do Blind Guardian disse que não se importava com as mp3 na Internet pois sabia que os fãs de verdade sempre comprariam o original. Do Blind Guardian eu tenho tudo original, e penso em comprar a ultimate collection do Gamma Ray, só pelos encartes e caixinhas especiais mesmo. Acho que é seleção natural agora. Seja bom de verdade, ou morra. Ou contente-se em fazer algo pra você mesmo, pare de desejar ganhar tanto dinheiro. Eu não acredito que o Michael Kiske esteja morrendo de fome.

Algo para se pensar: Se as mp3 estão destruíndo o mercado fonográfico, porque as empresas de aparelhos de som investem cada vez mais grana em aparelhos com suporte para mp3? Não deveriam ser elas as culpadas, e não o cosnumidor final?

imagem colocada somente para satisfazer as necessidade visuais do Potter