Razão, Emoção e um tiquinho de Cabala
A idéia é simples: não se pode separar razão e emoção pois aquela é continuação desta. Agir somente pela emoção é expressar-se de forma crua, expondo-se a uma possibilidade maior de ser incompreendido. Enquanto agir puramente usando a razão é viver somente pela forma, pelas regras estéreis e sem vida. Em ambos os casos o resultado é a frustração. Eu entendi esse conceito durante uma conversa com a Natália, do banco, mas resolvi escrevê-lo quando conversei com a Bruninha. Então, dedico este texto às duas. Quem quiser parar por aqui, pode. Quem desejar ir um pouco mais a fundo, bem-vindo à bordo.
Um escritor, exemplificando, para escrever qualquer coisa, precisa, antes de nada, ser. Pode parecer besteira, mas quem não é, não escreve também. O ser é algo que se manifesta. É algo que tem personalidade e características únicas. O ser é aquele que se diferencia de outro ser. Então o nosso escritor é, e por ser, ele se expressa. O ato de se expressar, por si só, é algo incontrolável, irracional. Um bom observador consegue perceber manifestações, decifrar personalidades, realmente conhecer outras pessoas, sem que essas se mostrem conscientemente a ele. É a já aceita linguagem corporal. Como você anda, o que você come, como vocêse veste, com quem você conversa, o que você faz; tudo isso é expressão da sua personalidade, do seu ser.
Isso seria muito simples, se não houvessem outros seres rondando o mundo, manifestando-se, e percebendo o resto dos seres, cada um do seu jeito. Os olhos que percebem o mundo também são os olhos que mostram o observador ao mundo. Nós vemos o mundo da mesma forma que vemos a nos mesmos. Gente bondosa acredita que todos são bondosos e o malandro dorme com um olho aberto (para se proteger do outro olho). Sendo assim, a percepção de quem somos depende de quem nos observa e quem ele é. Isso é o que causa a maior parte dos conflitos entre os seres: as falhas de comunicação. O meu expressar-se livremente entra em choque com o seu expressar-se livremente e ambos acabam frustrados, pois ninguém consegue realmente se expressar, pois o que se está fazendo agora é somente colocar para fora o que se tem dentro, e não colocar dentro do outro o que se tem dentro de si. A forma como expressamos nossos sentimentos é essencial para que sejamos compreendidos pelo outro, por quem desejamos atingir.
Agora então temos os meios, inventamo-los em coletivo, desenvolvemos símbolos, sinais e idéias para expressar de forma coerente aquilo que somos, que sentimos. É claro que a forma limita os sentidos, mas somente simplificando o que sentimos é que podemos ser compreendidos. Entenda, cada indivíduo é tão maravilhosamente complexo que entendê-lo integralmente é um trabalho praticamente impossível. Muitas vezes nem o próprio ser se compreende, muito menos alguém externo a ele. Porém, existe um certo número de sensações primárias compreendidas por todos. Todo ser vivo entende o que é fome, ilustrando o que disse anteriormente. E o numero dessas sensações comuns (mesmo que simples) vai aumentando conforme a intimidade entre aquele que expressa e o seu alvo. Pessoas da mesma cidade se entendem melhor do que pessoas com realidades diferentes. Pode-se chegar a um ponto de intimidade em que um olhar é o suficiente para que o outro entenda o que queremos dizer. Isso é o que Stephen King chama de Khef.
Acho que estou começando a me aprofundar demais no assunto, e isso não é bom pois torna-se cansativo. Tentarei ser mais direto.
O nosso escritor antes de tudo é um ser. Ele então tem algo a expressar e o faz através de uma combinação de palavras (símbolos) que, apesar de limitarem seus sentimentos, são mais eficientes para que o outro o compreenda. Entendendo isso, podemos finalmente voltar a afirmação feita no início do texto:
Como alguns já devem esperar, isso é Cabala, sim. Na Cabala, o que chamei de ser, aprendi como consciência, o sentimento é a energia e a forma é forma mesmo. O processo de criação de todo o universo é um pouco mais complexo do que isso, mas entendê-lo, ou melhor, experimentá-lo, é um processo pessoal. Eu já tentei falar sobre isso no post Fiat Lux, mas confesso que não tive muito sucesso.
Acho que deu para entender que a razão é basicamente um filtro para as emoções e ignorá-lo é não desejar ser compreendido. E espero também que, por dedução já que não entrei muito nessa outra parte, tenha-se percebido que a razão pura é a negação do próprio ser, uma vez que usa-se um filtro para o vazio. Na Cabala, tem se um nome para isso: Klippoth, que é aquilo que chamamos de demônios, uma casca vazia, sem conteúdo.
Isso é, se você concordar comigo, é claro.
Explodingdog - this is what i was put on earth to do
PS: Na faculdade, eu a Silvia descobrimos que já que não podemos ter nossas próprias idéias para provar qualquer idéia (cientificamente falando), acabamos procurando autores que dizem exatamente aquilo que queremos.
PPS: Para a Cabala, o principio da energia (sentimentos) é masculino e o principio da forma feminino. Pano pra manga? Sim, claro!
Um escritor, exemplificando, para escrever qualquer coisa, precisa, antes de nada, ser. Pode parecer besteira, mas quem não é, não escreve também. O ser é algo que se manifesta. É algo que tem personalidade e características únicas. O ser é aquele que se diferencia de outro ser. Então o nosso escritor é, e por ser, ele se expressa. O ato de se expressar, por si só, é algo incontrolável, irracional. Um bom observador consegue perceber manifestações, decifrar personalidades, realmente conhecer outras pessoas, sem que essas se mostrem conscientemente a ele. É a já aceita linguagem corporal. Como você anda, o que você come, como vocêse veste, com quem você conversa, o que você faz; tudo isso é expressão da sua personalidade, do seu ser.
Isso seria muito simples, se não houvessem outros seres rondando o mundo, manifestando-se, e percebendo o resto dos seres, cada um do seu jeito. Os olhos que percebem o mundo também são os olhos que mostram o observador ao mundo. Nós vemos o mundo da mesma forma que vemos a nos mesmos. Gente bondosa acredita que todos são bondosos e o malandro dorme com um olho aberto (para se proteger do outro olho). Sendo assim, a percepção de quem somos depende de quem nos observa e quem ele é. Isso é o que causa a maior parte dos conflitos entre os seres: as falhas de comunicação. O meu expressar-se livremente entra em choque com o seu expressar-se livremente e ambos acabam frustrados, pois ninguém consegue realmente se expressar, pois o que se está fazendo agora é somente colocar para fora o que se tem dentro, e não colocar dentro do outro o que se tem dentro de si. A forma como expressamos nossos sentimentos é essencial para que sejamos compreendidos pelo outro, por quem desejamos atingir.
Agora então temos os meios, inventamo-los em coletivo, desenvolvemos símbolos, sinais e idéias para expressar de forma coerente aquilo que somos, que sentimos. É claro que a forma limita os sentidos, mas somente simplificando o que sentimos é que podemos ser compreendidos. Entenda, cada indivíduo é tão maravilhosamente complexo que entendê-lo integralmente é um trabalho praticamente impossível. Muitas vezes nem o próprio ser se compreende, muito menos alguém externo a ele. Porém, existe um certo número de sensações primárias compreendidas por todos. Todo ser vivo entende o que é fome, ilustrando o que disse anteriormente. E o numero dessas sensações comuns (mesmo que simples) vai aumentando conforme a intimidade entre aquele que expressa e o seu alvo. Pessoas da mesma cidade se entendem melhor do que pessoas com realidades diferentes. Pode-se chegar a um ponto de intimidade em que um olhar é o suficiente para que o outro entenda o que queremos dizer. Isso é o que Stephen King chama de Khef.
Acho que estou começando a me aprofundar demais no assunto, e isso não é bom pois torna-se cansativo. Tentarei ser mais direto.
O nosso escritor antes de tudo é um ser. Ele então tem algo a expressar e o faz através de uma combinação de palavras (símbolos) que, apesar de limitarem seus sentimentos, são mais eficientes para que o outro o compreenda. Entendendo isso, podemos finalmente voltar a afirmação feita no início do texto:
"Não se pode separar razão e emoção pois aquela é continuação desta. Agir somente pela emoção é expressar-se de forma crua, expondo-se a uma possibilidade maior de ser incompreendido. Enquanto agir puramente usando a razão é viver somente pela forma, pelas regras estéreis e sem vida. Em ambos os casos o resultado é a frustração."
Como alguns já devem esperar, isso é Cabala, sim. Na Cabala, o que chamei de ser, aprendi como consciência, o sentimento é a energia e a forma é forma mesmo. O processo de criação de todo o universo é um pouco mais complexo do que isso, mas entendê-lo, ou melhor, experimentá-lo, é um processo pessoal. Eu já tentei falar sobre isso no post Fiat Lux, mas confesso que não tive muito sucesso.
Acho que deu para entender que a razão é basicamente um filtro para as emoções e ignorá-lo é não desejar ser compreendido. E espero também que, por dedução já que não entrei muito nessa outra parte, tenha-se percebido que a razão pura é a negação do próprio ser, uma vez que usa-se um filtro para o vazio. Na Cabala, tem se um nome para isso: Klippoth, que é aquilo que chamamos de demônios, uma casca vazia, sem conteúdo.
Isso é, se você concordar comigo, é claro.
Explodingdog - this is what i was put on earth to do
PS: Na faculdade, eu a Silvia descobrimos que já que não podemos ter nossas próprias idéias para provar qualquer idéia (cientificamente falando), acabamos procurando autores que dizem exatamente aquilo que queremos.
PPS: Para a Cabala, o principio da energia (sentimentos) é masculino e o principio da forma feminino. Pano pra manga? Sim, claro!
6 Comments:
Hum, não! Não deu pra entender o que você quis dizer, não.
Eu sei qual era a idéia do texto, mas ficou confuso, sim.
Bem, algum dia você
acerta.
Bom, Mário Henrique, eu discordo. Acho que deu bem pra entender o que o Marinho quis dizer. O assunto é complexo, mas está claro. Mais explicações seriam lições de pré-primário.
Marinho, seria, então, a palavra "temperança" a chave pro equilibrio entre razão e emoção?!
E seria possível ficar íntimo, ou ter um khelf (se é q é assim q se escreve) c/ todo mundo???
"Agir somente pela emoção é expressar-se de forma crua"
Pra MIM, usar a razão como filtro pra emoção, é usar de censura!
@Barbie - Sim, temperança. O equilíbrio entre o excesso e a castração. A glutonia e a anorexia. Apesar que não gosto muito de equilíbrio, prefiro balanço (tem mais moviemnto). =)
@Leosias - Ter um Khelf, um Rip-Curl, um Nicoboco, Alessio, você escolhe!
O nome certo é Khef, mas isso realmente não importa.
Se é possível ter Khef com o mundo inteiro, claro! Fio, esse é o objetivo da nossa religião (pelo menos daquela que ensinamos). Lembra-se? (para que todos sejam um?)
@Cinderela - Auto-censura é necessária para o amadurecimento do ser e a convivência em comunidade. Mas isso a gente já conversou pelotelefone.
Ia dizer uma coisa, mas me auto-censurei.
Viram como consigo conviver em comunidade.
Isso prova que os médicos estavam errados, huahuahuahuahuahua!!!
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