14 outubro 2004

Após o Eternamente

Para o Tadeu, que me inspirou a escrever crônicas novamente

Ele havia vencido a bruxa. Ela havia quebrado o encantamento que os mantinha separado, impossibilitando que os encontrassem. Eles resolveram fugir juntos para que as rivalidades entre suas famílias não importunassem seu amor. Ele matou o terrível dragão que os esperava e fez juras de amor eterno sob a luz do luar. Os letreiros subiram e a última página foi virada.

Eles construíram uma casinha simples na floresta. Ele não sabia caçar e ela não tinha a menor idéia de como cozinhar. Ela engravidou e ele teve que arranjar um emprego que não queria. Ela não parecia se importar tanto mais com sua aparência, ele parou de se importar com ela. O primeiro filho até que era um molequinho legal, nada comparado com os gêmeos que vieram e a caçula, aquela peste. Ele trabalhava feito louco e ela pedia sempre uma casa maior. Não era assim que era pra ser. O amor não mais existia, quem mandava agora era o tédio e o cotidiano. É, eu acho que a bruxa não era assim tão maligna afinal.