16 setembro 2004

A Queda

Eu caio.

É necessário.

A queda me assusta. Nunca senti medo antes. A sensação é forte e aguda. Sinto que meu coração vai explodir. A ansiedade é tamanha. Todas essas sensações são tão novas para mim. Antes tudo era calmo e tranqüilo, nada me agitava ou perturbava. Tudo era cinza. Agora percebo que existem muitos outros cinzas, e outras cores também. Meus olhos se abrem, o vento corta meus cabelos com tanta velocidade que sinto vontade de gritar. Um misto de dor e alegria. Vontade de cair eternamente. Eu estou acordado e o mundo me aguarda. Ouço um zunido, ele aumenta conforme caio. Ele aumenta e aumenta, parece que meus ouvidos vão explodir. Tapo-os com as mãos, mas logo desisto e me entrego à dor. Meus braços se abrem e sinto o frio. Pensamentos alienígenas passam pela minha cabeça. A terra se aproxima. Tudo era tão pequeno lá de cima. Agora eu vejo que a pequenês sempre esteve em mim. Crescer, essa é a minha missão. Não sei como vou voltar, mas isso não me importa agora. Eu quero viver! A vida me parece tão boa. Quero viver e viver. O mundo será meu, meu! Olho para cima e as gotas começam a cair em minha face. Tento voltar minha mente à minha missão. É difícil, mas tenho que tentar. Agora falta pouco, estou quase lá. A ansiedade volta. Trinta e três anos eles disseram. Será tempo suficiente? Minhas pernas começam a tremer. Será que vou conseguir? Será que sou capaz? Agora é tarde pra voltar atrás. Melhor entregar-me queda.

Seja feita a sua vontade.

1 Comments:

Anonymous Anônimo disse:

Nossa, espero ter entendido o q vc quis dizer... Hehehehe...

terça-feira, 21 junho, 2005  

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