16 janeiro 2006

mãos


Da fonte brota água. A mão se fecha em concha, mas não consegue conte-la. A pressão da queda da água é muito grande para uma mão tão pequena. Uma outra mão, não oposta, mas complementar se junta a ela e juntas se enchem d'água. Logo as mãos estão cheias. A água transborda, é verdade, mas água nova brota continuamente da fonte. De repente, elas se afastam. Elas já tem a água que precisam. As mãos estão cheias, não há mais nada a se fazer. Elas se afastam da fonte e quase nem percebem que embaixo delas a água goteja enquanto lentamente cái pelos seus dedos. De gota em gota, as mãos vão se secando e, um dia, elas percebem que estão vazias. A água acabou. Não existe mais motivo para as mãos ficarem unidas. Não existe mais um objetivo comum, não existem sonhos. As mãos se separam, outras vezes continuam juntas, mesmo secas e infelizes. Na memória somente lembranças e a pergunta: onde foi que deu errado?