05 dezembro 2004

Under the Jolly Roger

Acabei de baixar o novo filme da Disney/Pixar, os Incríveis. Eu o baixei porque não agüentei esperar para assisti-lo. Já se foi o tempo em que tínhamos que obedecer as estratégias malignas de marketing para o lançamento de algumas gostosuras. Isso me fez pensar...

Eu pirateio. Na cara larga mesmo e tudo possível. Eu já baixei programas, jogos, filmes, imagens, música, quadrinhos e até mesmo livros. Se existe na Internet, pra que comprar?

Bem, a história não é bem por aí. Para mim a pirataria só existe porque existe a ganância e a superfaturação da arte. Eu comecei comprando jogos piratas de playstation porque não existia o nacional. O preço de qualquer jogo original passava os R$100,00, enquanto o ¿alternativo¿ era três por dez. Duelo injusto, eu sei. Mas se os jogos fossem vendidos à, sei lá, R$25,00, eu compraria o original, e sei que muitos estariam comigo. A mesma história se enquadra com outras coisas também, apesar d¿eu não comprar nada pirata a não ser os jogos de PS, mas baixar tudo da Internet. O consumidor quer qualidade, mas quer também produtos que possa consumir. Eu tenho um amigo que faz copias de jogos e cds de música japoneses com uma grande qualidade e vende a um preço razoavelmente justo (caro em se tratando de cópia, porém barato por se tratar de um trabalho feito em escala caseira) e vende muito bem.

Como já disse, sou contra a comercialização de produtos pirateados, por isso eu uso bastante a Internet. Lá (ou melhor, aqui - ela está por toda parte) a pirataria toma todo um novo sentido. Ninguém (quer dizer, quase ninguém) tenta lucrar com a pirataria, ou melhor, com a divulgação da arte. O importante é atingir o maior público possível, espalhar a mensagem (ou falta de) da obra. É por diversão, é justo (no melhor estilo fitinha cassete). Um dos meus autores favoritos, Michael Moorcock não possui nenhum livro publicado no Brasil. Para comprar algum, você deve encomendá-los pela Amazon.uk e ter muita sorte de recebê-los em três meses (pois às vezes ele não conseguem encontrar o pedido). Mas se você digitar o nome dele no Kazaa, encontra uma grande fatia de sua vasta obra disponível para download. Não é justo? Você acha que não? Mas o próprio autor já me disse se não fossem os contratos com as editoras, ele publicaria tudo gratuitamente na Internet (entenderam porque eu o amo).

Um caso parecido aconteceu com o Eudes e o pessoal do Rapadura Açucarada. Eles, vendo que o preço dos quadrinhos estava muito alto e que muitas coisas legais nem chegava a por os pés aqui, lançaram um site e começaram a colocar à disposição de seus leitores todas as obras clássicas dos quadrinhos e começaram a traduzir as novidades que não apareciam por aqui. Eles não colocavam o que estava sendo lançado no momento pois o intuito era divulgar os quadrinhos e não quebrar as editoras. É claro que deu merda, e é claro que foi por bixisse de um editor. É, fazer o que?

O que importa é que não dá pra parar essa onda, é melhor aderir de vez. Inteligentes são as companhias de componentes eletrônicos que agora investem pesado nos aparelhos de mp3. E inocente aquele que acha que um player com capacidade de 60gb de música foi carregado somente com cds ripados do próprio dono.