30 março 2005

Um Pouco Sobre Justiça

O ideal de um homem, ou o homem ideal, é ser justo. A justiça nada mais é do que a capacidade de diferenciar as coisas e atribuí-las diversos valores e pesos. Justiça de nada tem a ver com bondade. Aliás, a bondade em excesso é um vício tão grande quanto a maldade em excesso (e isso também vale para o oposto). Um homem justo nunca é bondoso ou maligno aos seus próprios olhos, ele somente é justo. Como uma calça que não nos aperta, nem nos sobra.

Assim é a justiça, sem glórias e nem vaias. A justiça é exata, matemática. Nada mais "justo" do que usar uma balança para representá-la.

Como não existem valores universais, como não existe um sistema justo - algo que seria decerto impossível -, o homem se utiliza do bom senso (mesmo que para ele esse bom senso signifique ignorar sua capacidade de julgar e seguir as regras pré-estabelecidas: a lei) para atingir a justiça. O problema acontece no momento em que todos acreditam possuir este bom senso, como já apontava Descartes:

"O Bom Senso é a coisa do mundo melhor partilhada, pois cada qual pensa estar tão bem provido dele, que mesmo os que são mais difíceis de contentar em qualquer outra coisa não costumam desejar tê-lo mais do que o têm."

O bom senso não passa de tato. Do olhar e compreender a situação. Fazer se parte dela sem perder a imparcialidade. Justiça, ao final, não passa de dar oportunidades iguais. Doa a quem doer.