14 agosto 2005

Um beijo

Uma vez estava eu na missa, junto a um amigo que chorava (por motivos que não importam a este texto), pensando em como consolá-lo, em como tirar dele aquela dor e aquecer seu coração. O meu procedimento, pensei então, seria o padrão: Conselhos. Desde sempre, lembro de eventos em que ajudei pessoas a se sentir melhor, a solucionar problemas, a encarar melhor a vida, com minhas palvaras. Com o passar do tempo, as palavras começaram a sair de forma automática. Eu era um conselheiro. Porém, naquela manhã de domingo, não parecia caber nenhuma palavra que pudesse ajudá-lo. Mesmo assim, o discurso começava a se formar em minha cabeça. Eu tinha que suceder de alguma forma, não podia observar tudo aquilo calado. Não podia deixa um amigo na mão.

Foi então que uma menina, sua aluna de catequese, virou se para ele, mandou-lhe um beijo e sorriu. Eu já havia começado a professar minha sabedoria (minha tão grande sabedoria), mas então calei-me. Não havia mais nada para falar. Tudo havia sido dito. Confesso que comecei a chorar devido a beleza daquele gesto. A verdade mais uma vez havia mudado para mim.

Todo problema possui uma solução, e isto é um aforismo. Porém, nem tudo na vida são problemas. Nem sempre precisamos de uma solução. O que queremos é a paz, e sentir-se bem. Eu entendo muito bem o poder das palavras certas nas horas certas, mas comecei também a entender o poder do silêncio, o poder dos gestos, o poder da manifestação do amor. Novamente foi uma criança quem mostrou-me o quanto ainda tenho de aprender, o quão pequeno ainda sou. Uma criança, é sempre uma criança.

4 Comments:

Anonymous Anônimo disse:

Só p/ complementar, elanão era minha aluna...

domingo, 14 agosto, 2005  
Blogger tOk disse:

Se quiser aprender mais sobre silêncio, zen e verdades, leia Silence, de John Cage.

segunda-feira, 15 agosto, 2005  
Anonymous Anônimo disse:

Às vezes somos possuídos por uma sensação de tristeza
que não conseguimos controlar.
Percebemos que o instante mágico daquele dia passou,
e nada fizemos.
Então, a vida esconde sua magia e sua arte.
Temos que escutar a criança que fomos um dia,
e que ainda existe dentro de nós.
Esta criança entende de instantes mágicos!
Podemos sufocar seu pranto, mas não podemos calar sua voz.
Esta criança que fomos um dia continua presente.
Bem-aventurados os pequeninos, porque deles
é o Reino dos Céus !
Prestemos atenção ao que nos diz a criança que
temos guardada no peito.
Não nos envergonhemos dela.
Não vamos deixar que ela tenha medo,
porque está só e quase nunca é ouvida.
Vamos permitir que ela tome um pouco as rédeas de
nossa existência.
Esta criança sabe que um dia é diferente do outro.
Vamos fazer com que se sinta de novo amada.
Vamos agradá-la,
mesmo que pareça tolice aos olhos dos outros.
Lembrem-se de que a sabedoria dos homens
é loucura diante de DEUS.
Se escutarmos a criança que temos na alma,
nossos olhos tornarão a brilhar.
Se não perdermos o contato com esta criança,
não perderemos o contato com a vida.

segunda-feira, 15 agosto, 2005  
Blogger Mário Henrique disse:

amem.

segunda-feira, 15 agosto, 2005  

Postar um comentário

<< Home