13 setembro 2005

Quando você pensa que já ouviu tudo...

Por volta das 9 e meia da noite de ontem, quem mora em São Paulo sabe da subita torrente que se alastrou pela cidade, voltava eu da faculdade. De início tentei evitar o ensopamento, correndo o mais depressa (e o mais desajeitado também) que pude. Então percebi que não havia o que temer, meus materiais estavam protegidos e eu estava bem próximo de casa - e de um banho quente. Pus me então a aproveitar a chuva, coisa maravilhosa. Estava ouvindo Gammaray nos fones e lavando o rosto nas gotas grossas e frescas que caiam sobre mim.

Tomado de alegria cheguei em casa. Imaginei uma cena nonsense, onde após alguém na sala me atender, eu diria: "aqui estão seus malditos seis dólares", como se houvesse passado por diversos e inimagináveis problemas para chegar até aquela (minha) casa. Resumindo, eu estava feliz. Devido ao volume da música (se não for extremamente alto, não tem graça), não pude ouvir meus pais no quarto acima da sala perguntando quem havia chegado. Retirei os fones e respondi a pergunta. É óbvio que uma série de discussões começaram a borbulhar em minha casa e o sangue dos antepassados portugueses e italianos pode ser ouvido. Em muito breve minha mãe esqueceu-se do ocorrido, era mais importante proteger a prole enxarcada que necessitava de auxílio - instinto maternal. Meu pai manteve seu posto e sua argumentação gerava em torno da proteção da casa e de tudo o que ela representava. Argumentação válida, porém meio confusa, uma vez que ter a casa como proteção era mais importante do que eu me manter protegido - instinto paternal. Visão mais ampla da situação, portanto ignorante nos fatores micro.

O interessante, e motivo de toda estas explicações, foi o que ouvi depois da boca do meu pai, já irado com minhas respostas arrogantes e prepotentes:
- Vou tomar sua chave de casa! - disse ele aos gritos.
Nessa hora, minha mente adquiriu a maior velocidade matemática que teve em toda sua existência. Considerei meu salário, o preço médio de uma moradia alugada, taxas de água e luz, custo de mercado e locomoção. Sim, era possível sair de casa, seria apertado, mas ainda assim eu tinha cartas na mão.
- Então me expulsa logo de casa, você acha que eu tô me importando?

A discussão acabou logo depois, meu pai subiu ao seu quarto e eu fui tomar banho. Porém, imaginar meu pai tomando de mim as chaves de casa me causa risos até agora.

4 Comments:

Blogger Leósias disse:

Nossa...

Vc pensando em sair de casa?? Uau...

quarta-feira, 14 setembro, 2005  
Blogger Mário Henrique disse:

Alguém leu isso?

quarta-feira, 14 setembro, 2005  
Anonymous Anônimo disse:

sim, eu li! mas como já tinham postos novos acima, eu resolvi não comentar esse...

quarta-feira, 14 setembro, 2005  
Blogger Mário Henrique disse:

postos?

quarta-feira, 14 setembro, 2005  

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