Um pouco sobre sonhos (Waking Life)

Uma das cenas mais interessantes de Waking Life se passa num quarto. Nele está um casal que acabou de acordar (ou transar) e retoma uma discussão antiga. Eles falam sobre vidas passadas e inconsciente coletivo, mas o interessante é a teoria de que podemos estar mortos, revendo nossa vida e relembrando nossos momentos, antes de cairmos no toal esquecimento. A garota diz que as vezes tem a impressão de estar assistindo sua vida pela perspectiva de uma outra pessoa, uma velhinha moribunda, e o rapaz adiciona seus centavos de crença ao lembrar dum fato muito interessante: a duração dos sonhos. Muitas vezes temos sonhos longuíssimos que duram apenas alguns minutos, segundo os mostradores digitais. Hoje mesmo, meu sonho das 7 às 7 e 30 teve uma duração e uma quatidade de acontecimentos muito maior do que apenas meia hora. Foi um sonho realmente muito bom. O rapaz continua sua teorização dizendo que talvez todas essas recordações aconteçam durante os últimos momentos de atividade cerebral (6 a 12 minutos, segundo ele).

Talvez ele esteja certo, é uma possibilidade interessante. E se for assim, talvez explique porque alguns momentos passam rápido e outros parecem durar por eras. O número de memórias que temos sobre algumas recordações é menor ou maior do que outras, e é isso que determinaria a passagem do tempo nesta segunda vida. É legal pensar que mesmo se tratando de memórias, nós poderíamos alterá-las, pois não temos consciência de que estamos apenas lembrando de algo (e mesmo assim, trata-se de uma revisão, o que acarreta possíveis correções). Também daria para explicar outras coisas como o choque entre o livre-arbítrio e o destino. Ou seja, com as pessoas certas, uma brisa educada e um clima interessante, e alguns copos de cerveja, teríamos uma noite muito divertida e interessante de discussão.

Assitam o filme. Está em cartaz no Telecine e na Fox. Ou em qualquer locadora decente (apesar que já o encontrei na seção comédia).

Dream is destiny

Waking Life - Richard Linklater