30 junho 2006

Demon Unleashed

Todos temos um lado sombrio. Todos, sem excessão. Todos temos um lado maligno, destrutivo, sagaz, ácido, irritado, ou simplesmente, mal. Não adianta negar, qualquer objeto exposto a luz cria sombra. Aliás, grande parte das atitudes explosivas que temos, creio eu, estão ligadas a forma como ignoramos esse nossa lado negro, esse nosso pequeno demônio pessoal (nem vou passar pelo obvio do prefixo "demo"). Da mesma forma como de gota em gota o copo transborda, engolimos tantas coisas ruins todo o dia, aceitamos tanta merda sem revidar, que chega um ponto que a pressão é tamanha que acabamos explodindo ou, o que é tão ruim quanto, implodindo. Eu pessoalmente já presencei pessoas centradíssimas tendo os mais absurdos ataques de histeria. Desculpem-me, mas tem um limite para tudo.

Certa vez uma amiga minha me contou sobre uma briga que teve com outra amiga. A outra amiga havia decidido colocar o fim na amizade, dizendo que aquilo havia sido a gota d'água. Nisso, a minha amiga comentou que a outra também tinha atitudes que ela não gostava, porém, ao invés de deixar o copo encher e transbordar, ela se livrava daquela água turva. Como uma panela de pressão, ao invés de explodir, ela se livrava do excesso que lhe fazia mal. O que minha amiga fez, foi basicamente entrar em contato com as coisas ruins, compreende-las e superá-las.

Não sei direito onde vi isso, acredito que foi em uma entrevista do Matanza. Nela, o entrevistado (acho que foi o Jimmy) disse algo sobre levar seu lado ruim para passear, ou tirar ele da coleira por um tempo, não sei. Eu gostei da idéia. Gostei da idéia de levar seu demônio para um passeio. Eu sempre tive cachorros aqui em casa, mas nenhum deles foi acostumado a sair na rua. Uma vez, ao abrir a porta para eu entrar, meu pai deixou que a Cléo e o Bacuri saíssem. Eles correram para o outro lado da rua, pura curiosidade. Mas, quando tentaram voltar, ao som dos gritos do meus e do meu pai, ambos foram atropelados. Um de cada vez. Eles morreram, e o fim sempre é trágico quando bestas trancadas conseguem escapar.

Devemos então todos entrarmos em contato com nosso querido e amado demônio. Ele, como grande parte dos medos, tem a sombra muito maior do que seu tamanho real. Há quanto tempo você se controla demais? Há quanto tempo você se priva de uma atitude realmente livre, de agir realmente conforme sua vontade? Meus caros, é somente isso que ele deseja. Tem horas que só precisamos gritar, extravassar, expressar, exorcisar. Comece aos poucos, não aceite tudo tão calado. Observe, critique, conheça. Respeito não significa inércia. Aja aos poucos, leve seu demônio para um pequeno passeio, mostre-o ao mundo. De início carregue-o a tiracolo, depois deixe-o na coleira. Quando menos perceber, ele estará andando livremente ao seu lado, tão saudável quanto interessante. Aliás, ele poderá lhe levar a lugares que você nunca conheceria sozinho. Seja amigo do seu demônio e ele se tornará uma companhia indispensável.

A idéia é simples, seja livre. Conheça a si mesmo. Você já passeou com seu demônio hoje?


Explodingdog - all hells breaking loose

6 Comments:

Blogger Leósias disse:

Porra, Mário, me lembre de te dar um soco qdo te ver de novo, mesmo q seja simbólico...

sexta-feira, 30 junho, 2006  
Anonymous Anônimo disse:

meu demonio tah amarrado e amordaçado. ele matou meu anjo.

segunda-feira, 03 julho, 2006  
Blogger Mário Henrique disse:

Não banin, ele era seu anjo, você que escondeu ele num lugar realmente escuro, fazendo com que suas asas atrofiassem.

segunda-feira, 03 julho, 2006  
Anonymous Anônimo disse:

o q importa é que os dois morreram

segunda-feira, 03 julho, 2006  
Blogger tOk disse:

Sai, demo, este corpo não te pertence!

segunda-feira, 03 julho, 2006  
Blogger Mário Henrique disse:

@ banin

Ótima resposta!

terça-feira, 04 julho, 2006  

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