Volúpia do Aborrecimento
Estava no ônibus, livro aberto no colo, olhando para a rua. Eu passava pela Avenida Vergueiro e tinha a cabeça voltada a entender a tal da Volúpia do Aborrecimento, tão importante para o Finado Cubas. Divaga e lançava meus olhares para rua como alguém que encara os oceanos: somente buscando o que está além do horizonte, o que não pode ser visto. Foi então que uma garota me chamou a atenção. Não era bela, na verdade, não consigo me lembrar de suas feições, pois o que me chamou a atenção foi seu blazer que caiu de seu braço, que carregava alguns cadernos (não muitos, talvez apenas um). O blazer caiu e a menina não viu. Uma rima infantil, mas meu espanto foi adulto. Eu olhava ansioso, esperando que ela se voltasse para pegar a blusa, mas nada. Pensei em levantar e gritar, mas a timidez nesses momentos fala um pouco mais alto, e, desta vez, ganhou a disputa. Fiquei ali, junto a blusa, meio desolado e assustado, sem saber o que fazer. O ônibus seguiu e eu continuava sem a menor idéia do que era a Volúpia do Aborrecimento.
3 Comments:
Entendi isso como "não soube como chegar na minazinha gotosa"...
¬¬
Hm, acho que tem gente com ciúme da volúpia do aborrecimento...
Pô Jan, acho que ele gostou tanto da blusa eu quis ingrupir pra te dar de presente.
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