11 novembro 2006

O Natal de Chavéz

Estão [está] me enchendo o saco para voltar a escrever. Tudo bem, eu volto. Mas, escrever sobre o que? Resolvo então procurar algum assunto a esmo, tenho que acordar as partes dormentes do cérebro com algum exercício qualquer; uma idéia a expressar ou pelo menos um sentimento (sobre determinado assunto) a transcrever. Eu confesso que não sou uma pessoa muito bem informada. Eu sinto que os fatos acontecem muito rápido e eu não tenho tempo [saco] de estar sempre atualizado. Mas eu leio os jornais de vez em quando. Na verdade eu leio uma notinha ou outra pelos jornais espalhados pelo chão, servindo como absorvente para o xixi da Phoebe. E foi lá que eu fiquei sabendo:

- Menina, você não sabe o bafafá que eu ouvi?
- Ai, fala logo, sem frescura.
- Lá na Venezuela, o Presidente Hugo Chavéz determinou que não quer mais que o Natal tenha influências Norte-Americanas.
- Ai, amiga, explica.
- Ele quer que os Venezuelanos comemorem o Natal de uma maneira mais tradicional, mais típica do povo deles.
- Meu Deus, cada uma que me aparece.

Muitos por aí estão achando um ultraje. Brincam "Papai-Noel é vermelho, mas não pode não". Alguns dizem que ele proibiu "papais-noéis" (é assim?) e pinheiros pelo país. A Folha, encharcada de urina, diz que cada um é livre para agir conforme achar melhor, mas que os prédios oficiais são orientados para tentarem buscar algo mais Venezuelano. Não dá direito para saber qual é a verdade, todas as notícias mentem (e eu não caio mais nessa), só sei que eu concordo com Chavéz.

Neste momento surgem as massas oprimidas (representadas por meia duzia de intelectuais e dezenas de estudantes secundaristas cabeludos) que clamam por liberdade de expressão. Segundo eles, não se pode oprimir o pensamento livre. Elevam-se vozes citando Voltaire: "Posso não concordar com nada do que você diz mas lutarei até a morte pelo seu direito de dizê-lo" e toda aquela papagaiada. Nessas horas, eu sempre me lembro de um dos primeiros textos de filosofia que li na vida. Foi no primeiro ano da faculdade e se tratava de uma análise da República, de Platão, feita pelo Will Durant. Nela, ele começa a explicar que o sistema político proposto por Platão é uma aristocracia e então ele continua: "Isso é aristocracia? Ora, não precisamos ter medo da palavra, se a realidade que ela exprime for boa: as palavras são as pedras do ábaco dos homens sábios, sem valor próprio; só são moedas para os tolos e os políticos.". Will Durant, grande homem. Realmente, Chavéz está censurando seu povo, ditando regras comportamentais e limitando o censo crítico de uma nação. Mas são essas os mesmos objetivos da Propaganda? E não é a Propaganda, a maior arma do governo estadunidense? Ao sair do Egito, o povo judeu passou por um cansativo processo de readequação. Sim, é claro que muitas tradições do povo egípcio continuariam para sempre com os judeus, mas era preciso resgatar as raízes das tradições originais e criar novas para reger esse mar de escravos. A história toda foi muito sanguinária, e nem o próprio administrador da idéia foi poupado, mas ao final o povo judeu deu certo. Hoje eles ganham oscares, impõe suas idéia pra todo mundo e são odiados por muita gente (incluindo eles mesmos). A liberdade dos judeus aconteceu no deserto, onde não havia ninguém mais para ditar seus comportamentos a não ser eles próprios. Tudo muito Chavéz.

Eu queria é que o nosso país tivesse um presidente assim. Mas, o que é que eu entendo de política?

3 Comments:

Blogger jan disse:

A gente já conversou sobre isso, mas volto a dizer: a aculturação já foi feita; a globalização já está acontecendo e o capitalismo já invadiu tudo. Não tem mais como parar... Só se houver revolução... Mas, oops, vc não gosta de ditaduras, né??

hehehe

;*

segunda-feira, 13 novembro, 2006  
Blogger tOk disse:

A questão da "Folha encharcada de urina" é factual ou ideológica? Adorei!

Quanto a aculturações e caralhos à parte, apenas tendo a dizer que o Natal é a maior aculturação de que me lembro. Ninguém fala, mas você, como bom católico, deveria saber que Natal é pra celebrar o nascimento de jésus.

Além disso, Papai Noel é baseado em São Nicolau, um santo russo, e, originalmente, era representado por um velhinho gorducho, barbudo e vestido de azul. Até a coca-cola achar que ele ficava melhor de vermelho.

Titio Hugo Chápolim não está -neste caso específico- censurando ninguém, como a própria "Folha encharcada de urina" disse. Ele apenas orientou.

E por que ninguém disse que era censura quando os estadunidenses resolveram chamar as french fries de freedom fries, logo depois de nove-onze?

Ah, porque naquele momento não convinha.

Portanto, façam-me o favor...

Censura no dos outros é refresco, né não?

quarta-feira, 22 novembro, 2006  
Blogger tOk disse:

É... o capitalismo invadiu tudo. E só os venezuelanos -ao que parece- tão tentando expulsá-lo.

quarta-feira, 22 novembro, 2006  

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