Transamerica
Há algum tempo, eu estava assistindo o programa vespertino do Clodovil, quando ele, num de seus não tão raros momentos de extrema lucidez, disse algo sobre o drama de uma travesti tomando banho: ela se olha no espelho e vê uma mulher perfeita, peitos, cabelo, e todo o resto, mas olha para baixo e vê que existe algo a mais. Aquilo realmente me tocou. Todos nós nos consideramos pessoas incompletas; temos nossos altos e baixo, nossos dramas e conflitos. Agora, imaginem não conseguir fugir desse conflito nunca. Imaginem como deve ser ter uma parte do seu corpo sempre a lhe lembrar que algo está errado; que você não pertence ao mundo; que você não se encaixa?
Bem, esse foi um assunto que me fez pensar um pouco na época, mas que já estava adormecido em meio a confusão da minha cachola (out of the chaos of my doubt), até ontem, quando eu assiti a dois filmes: Transamerica e Café da Manhã em Plutão.
O primeiro, e melhor dos dois, conta a história de um(a) transexual, as vesperas da operação de troca de sexo, que descobre ter um filho adolescente e problemático do outro lado dos EUA e é forçado(a), pela sua terapeuta, a ir encontrá-lo, e resolver esse problema antes de realizar a operação. A história é extremamente dramática, mas não chega nem aos pés de Magnólia em termos de choradeira e sofrimento. Em vez das personagens serem escravas da culpa e das maldições do passado, enfrentam tudo com um maravilhoso senso de humor, que somente gente com problemas de verdade pode ter. Destaque para a cena da lanchonete no meio do nada.
O segundo filme, não tão bom, mas mesmo assim divertidíssimo, nos apresenta Santa Gata (Saint Kitty), uma transexual irlandesa filha de um padre e da Dama das Sombras (Shadow Lady, não confundir com Queen of Shadows), sua maior inspiração e busca. Abandonada pelos dois, Gata vive com uma mãe adotiva e uma irmã rabugenta. Cresce ao lado de um grupo bem peculiar de amigos (incluíndo um garoto com Sindrome de Down) e descobre que, as vezes, a gente é simplesmente diferente. Café da Manhã em Plutão é um filme que trata dos sonhos de um ser humano, da luta diária por "fazer parte", de se conhecer e acreditar em si mesmo. Chego até a visualizar Santa Gata como uma Amélie Poulain transexual.
Pronto, a dica está dada. Dois ótimos filmes, sobre assuntos complicadíssmos, abordados de uma maneira leve e descontraída. Ainda temos muito o que aprender com o pessoal GLBT, mas eu ainda acreito que os HT algum dia aprendem. Ah sim... algum dia.
Bem, esse foi um assunto que me fez pensar um pouco na época, mas que já estava adormecido em meio a confusão da minha cachola (out of the chaos of my doubt), até ontem, quando eu assiti a dois filmes: Transamerica e Café da Manhã em Plutão.
O primeiro, e melhor dos dois, conta a história de um(a) transexual, as vesperas da operação de troca de sexo, que descobre ter um filho adolescente e problemático do outro lado dos EUA e é forçado(a), pela sua terapeuta, a ir encontrá-lo, e resolver esse problema antes de realizar a operação. A história é extremamente dramática, mas não chega nem aos pés de Magnólia em termos de choradeira e sofrimento. Em vez das personagens serem escravas da culpa e das maldições do passado, enfrentam tudo com um maravilhoso senso de humor, que somente gente com problemas de verdade pode ter. Destaque para a cena da lanchonete no meio do nada.
O segundo filme, não tão bom, mas mesmo assim divertidíssimo, nos apresenta Santa Gata (Saint Kitty), uma transexual irlandesa filha de um padre e da Dama das Sombras (Shadow Lady, não confundir com Queen of Shadows), sua maior inspiração e busca. Abandonada pelos dois, Gata vive com uma mãe adotiva e uma irmã rabugenta. Cresce ao lado de um grupo bem peculiar de amigos (incluíndo um garoto com Sindrome de Down) e descobre que, as vezes, a gente é simplesmente diferente. Café da Manhã em Plutão é um filme que trata dos sonhos de um ser humano, da luta diária por "fazer parte", de se conhecer e acreditar em si mesmo. Chego até a visualizar Santa Gata como uma Amélie Poulain transexual.
Pronto, a dica está dada. Dois ótimos filmes, sobre assuntos complicadíssmos, abordados de uma maneira leve e descontraída. Ainda temos muito o que aprender com o pessoal GLBT, mas eu ainda acreito que os HT algum dia aprendem. Ah sim... algum dia.
7 Comments:
Mário, um outro filme nessa mesma linha tão bom quanto Transaméria é Má Educação. Vc deveria assistir.
Quanto ao heteros terem muito que apreender com os gays, eu discordo. Acho q em questão de crise de identidade e auto-conhecimento estamos empatados...
Áisse!
indies
Texto muito bem escrito, como sempre... Mas, vc já parou pra pensar que o que vc aponta é apenas uma parte de um grande mundo racista, "classista", preconceituoso, egoista e indiferente?
Ah, quanto ao Transamérica: nada como encararmos nossos medos e nossas falhas, não é??
E, eu ACHO, que o problema não está em nós nos sentirmos desajustados no Mundo, mas sim quando nos apontam e nos excluem, automaticamente nos rotulando... Odeio rótulos.
Por fim, todos têm que aprender com todos... Tem muito gayzinho mais preconceituoso que muito hétero por aí, viu??
;*
Sempre conto essa história quando surge esse assunto: Quando era pequena, acreditava que meninas podiam ficar com meninas e meninos com meninos, que era só "amar". Não fazia diferença entre gostar de meninos ou meninas, até perceber isso no prézinho e aí acostumei.
Mas a questão não é tão simples assim, tem o conflito na cabeça, principalmente dos transexuais, que é esse "estranhamento" entre corpo e mente... que eu não sei descrever, mas que percebe-se ser muito DESTRUIDOR na vida de pessoas que não têm apoio da família nem amigos...
qq coisa pode ser destruidora qnd nao se tem apoio
crise de identidade nao envolve só sexualidade
Susgestões acatadas.
Sabe, Marinho, como já falamos a respeito, eu costumava ser uma militante gay, até que eu percebi que eu lutava tanto contra o extremismo que acabei me tornando extremista tbm.
Tem-se mto o q aprender com o GLBT, assim como o GLBT tem a aprender com HT. E diria mais, diria que na real, só o que precisamos praticar é alteridade. Se não reconhecermos e respeitarmos o outro, nada adianta de nada.
Mas a alegria do mundo homo é algo plausível.
O lance é beijar na boca e ser feliz.
E tenho mais dois filmes para a lista "filmes q verei um dia"...
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