27 abril 2005

perdidão



Jantando na cozinha, tv ligada na sala, novela. Uma personagem qualquer diz: "mais perdido do que cego em tiroteio". Isso me causa um tremendo mal estar. Pô, que falta de criatividade! Então, começo aqui a campanha para a renovação dessa frase clichezenta e chiclezenta.

Ao invés de dizer "mais perdido do que cego em tiroteio", use uma das seguintes:

"Mais perdido que Bill Gates na mansão Playboy"
"Mais perdido que espermatozoide no papel higiênico"
"Mais perdido que surdo no Skoll Beats"
"Mais perdido que o Ratzinger no século XXI"
"Mais perdido que o Rodolfo explicando alguma coisa"


Ou qualquer outra coisa que não fale de cegueira e nem do Rio de Janeiro.
Mande sua idéia para nós (nós?)

 

17 abril 2005

We're all living in Amerika...Amerika...Amerika...

Acabo de ler América, do Crumb. Quadrinho de ótima qualidade (vendido a preço alto - é caro ser underground), mas não é disso que quero falar. Quero falar que já encheu o saco todas essas reclamações em cima dos Estados Unidos. Nada contra o Crumb, até porque as críticas dele já vem de eras atrás, mas sim dessa febre de tentar derrubar o império norte-americano ao expor suas fraquezas. Desculpem-me quem gosta de Michael Moore, mas o trabalho dele já saturou (assisto a "The Awful Truth" neste exato momento). O ponto em que disse: "basta!" foi ao ouvir a música do Morrissey "America is not the World", uma crítica tão obvia e superficial (já perceberam que sempre coloco esses dois adjetivos juntos?), que nem vale a pena perder tempo ouvindo. E é bem isso que quero dizer hoje: "Olhem para seus próprios narizes", a corrupção, a injustiça e desigualdade estão por toda a parte e não apenas em um país. Está tudo bem na sua família? Você se realaciona bem com os seus colegas de trabalho? Você tenta construir um mundo melhor para seus filhos... ou ainda vive naquela estupidez de "O inferno são os outros"?

America is not the world - Morrissey
America your head's too big, Because America, Your belly's too big
And I love you, I just wish you'd stay where you is

In America, The land of the free, they said, And of opportunity, In a just and a truthful way
But where the president, Is never black, female or gay, And until that day
You've got nothing to say to me, To help me believe

In America, It brought you the hamburger, Well America you know where, You can shove your hamburger
And don't you wonder, Why in Estonia they say, Hey you, Big fat pig
You fat pig, You fat pig

Steely Blue eyes with no love in them, Scan The World,
And a humourless smile, With no warmth within, Greets the world
And I, I have got nothing, To offer you
No-no-no-no-no
Just this heart deep and true, Which you say you don't need

See with your eyes, Touch with your hands, please, Hear through your ears, Know in your soul, please
For haven't you me with you now?
And I love you, I love you, I love you, And I love you, I love you, I love you.

 

12 abril 2005

Blindness

Estou no banco, mais uma segunda-feira. Não as odeio. Também não morro de amores por elas. Não sinto mais essa diferença de semana e fim de semana. Bem, pelo menos por enquanto. Deixa chegar quinta feira! Mas não é disso que pretendo falar (nem sempre conseguimos falar o que queremos, as palavras e os discursos tem vida própria), mas sim de algo que observei enquanto chegava aqui.

Junto a mim e o resto do pessoal no elevador tinha uma garota cega. Linda, muito linda e cega ("They let Lisa go blind.... but she was beautiful"). Ela usava um vestidinho estampado bem alegre e colorido bem ao estilo "neo-camponesa" e um par de óxulos escuros que, ao invés de destruir o visual, só o deixava mais interessante. Enquanto ela entrava no elevador com sua bengala (ou guia... acho que o certo é guia) em uma mão, notei seu celular na outra e com isso uma grande surpresa: o celular tinha uma câmera imbutida!

Não pensem eu se trata de humor negro, mas podem rir do ridículo que isso foi. Qual a necessidade que um cego tem de uma câmera digital. Alguém pode levantar a mão e dizer que ela pode tirar fotos das coisas, pessoas e lugares p'ra que outras pessoas possam identificar. "Então, eu fui nesse lugar ontem, ou, esse que é o Chiquinho, se você o ver, me avise". Mas acho pouco provável.

Alem do mais, não acredito que ela consiga enquadrar muito bem.

 

06 abril 2005

Adeus!

Não a vocês, mas sim ao meu passado. Calma, não virei niilista, mas o blogger.com.br parece que sim. Por não ter acessado a conta do antigo Hideout (não sei se vocês sabem, mas esse blog está em sua segunda fase), todo seu conteúdo foi apagado. Eu achei que fosse doer mais do que doeu, mas estou vivo. Lembranças maravilhosas foram perdidas devido ao meu descaso, porém memórias ainda melhores estão para serem escritas. Dia após dia... De qualquer forma, fica aqui o meu agradecimento à primeira fase do HiDEOut em toda sua glória.

Há tempos...

Certa vez, indo do trabalho para a galeria do rock, vi um trio de musicos se apresentando na praça do correio. Um violonista/vocalista, um guitarrista e um baterista. Eles haviam acabado de arrumar todo o equipamento, junto com a garota-roadie - namorada de algum deles, pensei; e então começaram a primeira música. Legião Urbana, obvio - Há tempos, mais obvio ainda. O interessante é que mesmo já tendo ouvido essa música à exaustão, e me enjoado dela, comecei a cantar - mesmo sem perceber: "Parece Cocaínaaa..." - voces sabem como é. E assim segui até a parte "Muitos temores nascem do cansaço, e da solidão". E então parei. Dentro de todas as transformações e angústias que formam minha atual vida, existe alguém que me entende.
Fazia tempo que não me sentia assim...