31 julho 2006

Cautiously Optimistic

Segunda-feira. Acordo dum domingo maravilhoso, mas o frio logo arranca os últimos fios do sonho que acabou. Levanto-me, tomo banho, como e me arrumo para sair. Coloco minhas coisas na mochila e, ao tentar fechá-la, o zíper estoura. Atrasado, eu corro até meu quarto e mudo os pertences de uma para outra. Despeço-me do meu pai e subo para o ponto.

Todo dia eu pego o ônibus da linha 3139 (Pça Clóvis - Jd. Via Formosa), um ônibus vermelho e branco, que passa de meia em meia hora (nos fins de semana ele costuma demorar o dobro), por isso tenho que estar no ponto antes das 7 e 38, quando ele passa. Eu estava lá, mas o ônibus não passou. Ou melhor, passou sim, porém o tradicional ônibus vermelho resolveu ficar azul e, além disso, passou por trás de outro ônibus (um reles Belém), ignorando o menino que corria atrás dele acenando com um guarda-chuva.

Tudo bem, fui para o Metrô. O ônibus que peguei não estava tão lotado, mas não dava para sentar. O tempo médio do percurso é vinte minutos, mas hoje ele fez em quarenta. Cheguei ao Belém no mesmo horário que chego normalmente à Liberdade. Já um pouco cansado e muito nervoso (quase chorei de raiva quando o Pça Clóvis passou direto), esperei o metrô no gelo que estava aquela estação por uns quinze minutos. Cada trem que passava estava mais lotado que o anterior e ninguém aguardando para embarcar se aventurava naquele emaranhado de gente. Desencanei da idéia, pensei em ficar sentado nas cadeiras e esperar o fluxo diminuir. Quando me sento, um trem não tão lotado para, todos na fila embarcam e o trem parte. Ouve-se um plim e o medidor na escala de putidão se aproxima cada vez mais do vermelho.

Vinte minutos depois desisto de esperar o impossível e parto para o outro lado. Voltei até Corinthians-Itaquera (o Curintia é ultimo até no metrô) aquecendo meu assento. Chegando lá, descubro que não terei que sair do trem, que fará a viagem inversa, mas, por algum acesso gigantesco de estupidez, mudo de assento para um mais próximo da porta, gelado e rota de entrada para o vento. Yei!!!

Por algum motivo absurdo, como Justiça Divina ou Carma, ao chegar na Sé, encontro uma estação praticamente fantasma (comparando outros episódios na mesma). Pego um dos trens mais calmos que já peguei na vida, ficando sentado a maior parte do tempo. O frio ainda me atormenta, mas chego ao trabalho, quarenta minutos atrasado, sem maiores problemas.

Eu deveria estar puto, extremamente enraivecido. Na verdade eu fiquei assim, mas, de alguma forma, eu não estou. Ontem foi um dia maravilhoso, tenho amigos, uma família e uma namorada maravilhosos; um emprego decente e com pessoas muito divertidas; tenho comida, abrigo e muitos agasalhos. Mas eu acho que não foi nada disso que me fez ficar tão tranqüilo assim. Tenho quase certeza que foi o Radiohead...


Explodingdog - cautiously optimistic

"This is what you get, this is what you get"
Radiohead - Karma Police

 

28 julho 2006

Página 128, final do sexto capítulo.

Até agora tem sido, por uma distância absurda, o melhor de todos os livros de série. Por favor Deus, não deixe que ele foda tudo nas próximas 1.200 páginas.

Piloto Automático

Grande parte do meu tempo é gasto comigo mesmo, mergulhado em meus pensamentos. Alguns dizem que eu penso demais, acho que estão certos. Eu penso demais, reflito demais sobre qualquer coisa e muitas vezes me esqueço que sou de carne e osso, esqueço que existo. É estranho, mas grande parte das minhas ações diárias são reflexo do meu corpo, pois na maior parte do momento estou pensando em algo. Há um capítulo no Memórias Póstumas que fala sobre isso:

CAPÍTULO 66
As pernas


Ora, enquanto eu pensava naquela gente, iam-me as pernas levando, ruas abaixo, de modo que insensivelmente me achei à porta do Hotel Pharoux. De costume jantava aí; mas, não tendo deliberadamente andado, nenhum merecimento da ação me cabe, e sim às pernas, que a fizeram. Abençoadas pernas! E há quem vos trate com desdém ou indiferença. Eu mesmo, até então, tinha-vos em má conta, zangava-me quando vos fatigáveis, quando não podíeis ir além de certo ponto, e me deixáveis com o desejo a avoaçar, à semelhança de galinha atada pelos pés. Aquele caso, porém, foi um raio de luz. Sim, pernas amigas, vós deixastes à minha cabeça o trabalho de pensar emVirgília, e dissestes uma à outra: Ele precisa comer, são horas de jantar, vamos levá-lo ao Pharoux; dividamos a consciência dele, uma parte fique lá com a dama, tomemos nós a outra, para que ele vá direito, não abalroe as gentes e as carroças, tire o chapéu aos conhecidos, e finalmente chegue são e salvo ao hotel. E cumpristes à risca o vosso propósito, amáveis pernas, o que me obriga a imortalizar-vos nesta página.

Sim, minhas pernas conhecem meus trajetos, meus dedos conhecem os números das agências e contas melhor do que eu, minha boca responde aos assuntos sem que eu tenha conhecimento do que está acontecendo. Muitas vezes sinto como um estranho em meu próprio corpo. Acho que algum tinha serei considerado obsoleto por ele e expulso por maioria de votos. Sabe, existem momentos que eu gostaria de sentir mais as coisas. Frio, Calor, Fome, Sono. Não saber que tenho essas sensações, que as estou tendo, mas realmente sentí-las de uma forma tão nítida que eu não consiga fugir para nenhum outro lugar. Quero viver o agora!

Uma das cenas mais clássicas de Metal Gear Solid é o confronto entre Solid Snake e o Ninja (um ex-colega de exército, como se descobre mais tarde). Num dos momentos, após ser atingido por um golpe, o Ninja brada: "Hurt me more!". Não sei se é realmente dor que eu desejo (tenho medo), mas confesso que um dos momentos que me senti mais vivo foi no primeiro Clube da Luta, nas Pascoal Moreira, enquanto recebia socos do Lucas. Sem idéias, sem motivos, puro instinto, pura vida.

 

27 julho 2006

Ei, você...

"Entre deux coeurs qui s'aiment, nul besoin de paroles"
- Marceline Desbordes-Valmore

 

26 julho 2006

Um Caso Doloroso

Ele é negro, aparenta ter uns 45 anos, não chega a ser obeso, mas não é um magrelo, como eu. Usa o cabelo bem curto, praticamente raspado, para disfarçar a calvície no topo da cabeça, formando uma meia-lua com as têmporas. Veste uma camisa azul e uma jaqueta vermelha, roupas da empresa onde trabalha como cobrador. Ela é bem mais nova do que ele, loira, tingida, mas não muito distante da realidade, branca cor de leite. Usa óculos, tem os olhos castanhos e uma grossa aliança dourada na mão direita. Todo dia eles se encontram no Ônibus 3139, Pça Clóvis: ele trabalhando, ela indo para o trabalho. Quando eu entro no ônibus os dois já estão conversando e a conversa só termina na Rua da Mooca, depois de cruzar a Paes de Barros, onde ela desce. Eu disse conversar, mas o termo certo seria discursar. Ela raramente fala, mas ele parece não possuir freios. Com seu jeito calmo e confiante, seus olhos pequenos e seu ar seguro, ele passa praticamente todo o percurso dissertando sobre assuntos que desconheço, pois ensurdeço-me pela música nos fones em meus ouvidos (melhor assim, dá-me liberdade de imaginar a conversa). Ela passa o tempo sorrindo, olhando atentamente para ele, acenando com a cabeça e admirando-o com os olhos. Sentado em sua cadeira, com sua jaqueta vermelha, ele parece um rei, e ela, sua mais fervorosa súdita. Pelo que percebi, ele costuma guardar as sacolas dela nos braços de seu trono: uma bolsa comum e uma sacola de algum encontro de fisioterapia. Ela parece realmente amá-lo, ele parece gostar da companhia dela.

Vendo essa cena diariamente, lembrei-me do conto "Um Caso Doloroso", do James Joyce (parte de Dublinenses). Talvez tudo isso termine em tragédia, talvez somente em dor e esquecimento. Não saberia dizer. Talvez ela seja infeliz em seu noivado. Talvez ele seja o ponto alto do dia dela, o momento pelo qual ela acorda. Não sei novamente.

Hoje eles não estavam juntos. Ela estava um pouco afastada, virada para o outro lado, calada. Ele continuava em seu trono, fazendo seu trabalho como sempre, porém, pude sentir um quinhão maior de melancolia em seus olhos. Ela parecia irritada, emburrada. Ele puxou conversa com outras mulheres, mas nenhuma vingou. Talvez não fosse a mesma coisa.

[Edit]:
Dia 26: Ela não estava no ônibus. Talvez tenha acordado atrasada, ou talve alguma outra coisa tenha acontecido.
Dia 27: Hoje nem ele estava lá. Havia outro cobrador em seu lugar. Ela ainda não apareceu.


Explodingdog - it's so dark

 

24 julho 2006

Monday, monday

Eu acho que sou o único cara no mundo que sai na segunda à noite, com o objetivo de encher a cara, e termina entrando na Pastoral do Batismo.

Bem, tirando o Gustavo, é claro.

[EDIT]: Pelo menos eu não acordei em um navio em direção à China.


Explodingdog - lets use bad logic and drink motor oil

Bedtime Story

"The night is growing dark
From somewhere deep within
It shelters like an ark
And always takes you in"*


Ele havia se esquecido deles, então eles voltaram.

A noite havia chegado e ele finalmente estava sozinho. Deitado em sua cama, pensando em nada; evitando pensar em nada. Tudo estava confuso e a escuridão, mesmo em todo seu conforto, não o deixava fugir. Como alguém poderia fugir de si mesmo? O dia tinha sido agitado e prazeroso: movimento, cor, sons, vida. A velocidade o impedia de estar consigo mesmo. A luz o cegava, impedindo-o de ver o abismo que o engolfava; impedindo-o de ver sua queda. Até a noite chegar.

"And the mind goes numb
'Till it's feeling no pain"*


Agora ele estava em sua cama, falhando em esquecer tudo o que lhe tormentava as entranhas. Seu travesseiro esquentara e, o que antes fora confortável, tornava-se aos poucos irritante. Em pouco tempo ele se revirava na cama. E foi quando ele desistiu de fugir de si mesmo que o primeiro saiu. Em pequenos passos ele se aproximava do garoto; seus olhos, já esquecidos, tornaram-se novamente familiares. Outros começaram a sair das sombras de sua alma, formando uma pequena legião de criaturas contorcidas e mal-formadas. Seus pequenos olhos brilhavam e ele os reconheceu, um a um.

- Oi, sentimos sua falta. Você sabe, esperávamos ansiosamente pela sua volta. O filho pródigo retorna ao lar.

Ele sentiu um abraço quente, consolador.

"And the night rolls on
Like a slow moving train
And the soul cries out
For a handful of rain"*


No dia seguinte, tudo voltaria ao normal. As luzes voltariam a ser fortes e brilhantes, forçando-o a usar um véu para proteger-se. Quem o conhecera antes não conseguiria notar algum tipo de diferença, mas algo muito importante havia sido perdido; algo muito importante havia sido sacrificado na noite anterior.

"And the light
Turn then off my friend
And the ghosts
Well just let them in
Cause in the dark
It's easier to see"**


* Savatage - Handful of Rain
** Savatage - When the Crowds are Gone



Explodingdog - why can't i find the courage?

 

22 julho 2006

Serendipity

Ao acaso, descobri essa palavra na net... A definição abaixo está em Answers.com.

ser en dip i ty (se(r'?n-di(p'i(-te-)
n., pl. -ties.

1. The faculty of making fortunate discoveries by accident.
2. The fact or occurrence of such discoveries.
3. An instance of making such a discovery.

[From the characters in the Persian fairy tale The Three Princes of Serendip, who made such discoveries, from Persian Sarandi-p, Sri Lanka, from Arabic sarandi-b.]

serendipitous ser'en dip'i tous adj.
serendipitously ser'en dip'i tous ly adv.

WORD HISTORY We are indebted to the English author Horace Walpole for the word serendipity, which he coined in one of the 3,000 or more letters on which his literary reputation primarily rests. In a letter of January 28, 1754, Walpole says that "this discovery, indeed, is almost of that kind which I call Serendipity, a very expressive word." Walpole formed the word on an old name for Sri Lanka, Serendip. He explained that this name was part of the title of "a silly fairy tale, called The Three Princes of Serendip: as their highnesses traveled, they were always making discoveries, by accidents and sagacity, of things which they were not in quest of...."

Vivas ao acaso.


malibu-stacy - Tortuga Village

 

21 julho 2006

e-m@il

Banin,

Você estava certo, o nome dele é Marcelo. Ontem eu estava voltando da casa da Jan, descendo a Paes de Barros em direção ao ponto ao lado do Camargo, quando vi um elétrico vindo. Eu tava cansado pra caralho, e com uma puta vontade de mijar, por isso nem saí correndo. Na hora eu pensei: "daqui a pouco passa um Jd. Vila Formosa". Dito e feito, quando pisei na rua dos trilhos, o Jd. a cruzava. Dessa vez eu saí correndo, tentando chegar no ponto, quando ouvi um barulho de buzina. Era o ônibus, o motorista estava diminuindo a velocidade e parou um pouco antes para eu entrar. O motorista era o cara que eu tinha lhe falado e você achou que conhecia também, o que você acha que se chama Marcelo. Bem, é esse o nome dele. O estranho foi que ele parou fora do ponto para eu entrar, a gente sabe que isso é coisa rara. Conversei um pouco com ele, falei que a gente tinha falado dele horas antes, foi divertido. Quando eu cheguei ao meu ponto, e ele abriu a porta, ele estendeu o braço e ergueu o polegar para mim. Ei soltei um "Falou Marcelo" (imitando a tiazinha que você falou) e desci.

Você acredita em magia? Assim, não estou falando sobre aquele bando de adolescentes babacas que se acham os fodões e usam sobretudos pretos e pentagramas no pescoço. Tô falando de uma energia maior, desconhecida. Um regente bondoso, que permite que cada um sole conforme seu instrumento, mas que mantém a harmonia da peça, que torna tudo uma única coisa. Cara, eu acredito. Uma vez o Alessio disse para mim, repetindo o que havia lido em "A Soma de Tudo" do Mutarelli: "A magia não está em mim, mas ao meu redor". Ele não estava falando de si mesmo, mas sim de mim, ele estava dando assistência a um conflito meu. Então, a magia está ao meu redor, e tudo está cada vez mais 19. Ontem eu perdi um pino dos meus óculos escuros, daqueles que prendem a borrachinha que protege o nariz. Na verdade eu não sei quando a perdi, mas sei que descobri que havia perdido-a ontem. Não existe problema nenhum em perder alguma coisa, o ruim é quando você descobre que perdeu. Eu havia desencanado de encontrar o parafuso pois, além de nano, poderia estar em qualquer lugar. Hoje, no ônibus, fui ler um pouco d"A Coisa" e vi que tinha algo preso numa das páginas, algo brilhante. Era o pino. Eu havia lido o livro ontem, depois de descobrir que havia perdido o pino, mas ele, de alguma forma, não caiu. Isso até hoje, quando o encontrei. Agora pouco, no trabalho, as mulheres estavam conversando e um delas falou que tinha que marcar consulta com a Jany. Várias outras começaram a falar sobre a Jany, que por sinal é o mesmo nome da ginecologista da minha mãe e da minha irmã; melhor que isso, foi a obstetra da minha mãe, foi quem assistiu meu nascimento. Nem preciso dizer que as duas Janys são a mesma pessoa, né? Liguei para a minha mãe, que confirmou tudo o que a secretária da Jany confirmou para a Irene (a que tinha que marcar a reunião)e mandou um beijo para mim e para minha irmã, além de contar uns causos. Sabe, eu nem mais me assusto com essas coisas. Adoro quando elas acontecem, mas de certa forma, eu já as espero. Eu já lhe falei sobre meu rolo com números repetidos (principalmente horários, não?). Você sabe que as coisas estão convergindo. Pensa um pouco, quantas coisas aconteceram desde que começamos a jogar o Jogo do Eu? Ainda estamos sob a regência da primeira carta. Ouso então a dizer: "A Magia não está em nós, está ao nosso redor."

Tudo muito 19.

"A coincidência foi cancelada"
Eddie Dean

Acho que por hora é só. Gostei deste e-mail, acho que vou postá-lo no blog.

ICE


Explodingdog - it is the answer to a question that no one asked

 

20 julho 2006

O Pão Nosso de Cada Dia, Nos Dái Hoje

Eu tenho escrito mais ultimamente, vocês devem ter percebido isso. Tenho um ótimo motivo para estar inspirado, mas não é somente isso que me faz escrever mais. Eu sempre tive idéias, mas sempre tive certo receio de usá-las e depois não saber mais sobre o que escrever. Eu tenho perdido esse medo. O interessante disso é que as idéias não diminuiram, ao invés disso, elas aumentam. Para cada post que eu publico aqui, tenho idéias para mais uns três. Acho que por me livrar delas, acabo abrindo espaço para coisas novas. Tenho algumas idéias engavetadas que uso quando não quero ter que desenvolver um assunto novo, mas não tenho mais aquele medo da gastá-los.

Como eu quase nunca deixo de aplicar uma idéia em outros níveis (eu adoro analogias, é tudo culpa do Eliphas Levi e do Papus, sim, eu sou Hermético), observei e percebi que fazemos isso em diversas ocasiões (fazemos? bem, realmente não sei, mas posso dizer que EU faço). Um exemplo clássico disso são os jogos de RPG de video game. Eu sempre termino um jogo com itens poderosíssimos e nunca usados, pois eu estava "guardando pra mais tarde". Outro caso é o dos relacionamentos humanos. Quanta gente se arrepende de não ter dito o "Eu te Amo" ou abraçado as pessoas que gosta. Medo do desgaste, medo daquilo não existir mais amanhã, medo de se apegar.

Eu acho que isso tem um pouco a ver com nossa mentalidade mercantilista de acúmulo de posses. Na verdade acho que essa idéia vem bem ais de trás. O grande ensinamento de José ao Faraó é o de poupar, pois tempos de "vacas magras" virão. Uma história de fácil assimilação, diferente daquela do Maná caindo do céu diáriamente. Todo mundo reza: "O pão nosso de cada dia, nos dái hoje", mas ainda somos "Homens de pouca fé".

Eu tenho uma menina hoje (e eu sou o menino dela) e sou muito feliz. Pode ser que isso mude amanhã, acabe. É, pode acontecer e, se acontecer, eu ficaria muito triste, realmente mal. Mas, conscientemente escolho viver isso. Posso dar com a cara no muro (jaaaaacks), mas hoje não!


Explodingdog - i thought i would run out of things to say

World Jump Day - É Hoje

Primeiro refresquem a memória. Depois PULEM!!!

 

19 julho 2006

Problema Sexual (mais um trocadalho do carilho)

Mulher frígida não se toca.

 

18 julho 2006

Mulheres de Esparta

...
- Que legal! Eu tenho um blog.
- Sério, sobre o que você escreve.
- Bem, normalmente eu...
- Eu tenho um assunto para o seu blog: mulheres mais velhas.

Fiquei meio preocupado, um pouco "cabreiro". Eu achei que ela fosse falar algo sobre MILFs, ou algo do tipo. Claro que eu estava errado, é que mente poluída é outra coisa. Ela então começou a me explicar, ela falava sobre mulheres mais velhas, na faixa dos 40 anos, separadas os desquitadas, e a dificuldade em se relacionar com outras pessoas, não para namoro, nem nada, mas simplesmente para "trocar uma idéia". Ela me disse que é difícil saber um lugar legal para ir dançar, um filme bom, é difícil ter amigos, porque, os homens nessa idade, ou estão em um relacionamento, ou estão procurando um; e as mulheres, generalizando, é claro, só se preocupam com as coisas de casa, da família. Algo que eu nunca havia pensado.

Atualmente tenho 22 anos, não paro em casa durante os fins de semana, e, em época de férias escolares (dos meus amigos), não fico em casa nem durante os dias da semana. Para mim é algo comum estar rodeado de amigos, sempre tendo alguém para discutir idéias, fatos, sonhos, baladas... Por isso mesmo, eu nunca percebi que isso pode acontecer, ou melhor, que isso acontece!

Quando ela me apresentou essa realidade, pensei que isso não devia acontecer somente com as mulheres, mas os homens também estariam vulneráveis a esse problema. Mas, pensando bem, isso pode até acontecer com homens, mas são as maiores vítimas. Instintivamente, o papel do homem e da mulher são bem definidos: o homem deve espalhar seu gene por todo e qualquer lugar (leia-se orifício) possível; já a mulher, como geradora de prole, deve escolher o melhor gene disponível (italicos importantíssimos), gerando assim os melhores filhos. Tirando toda a parte racional, é isso que define os gêneros. Esta explicação pode soar desconexa, mas, partindo dela, pode-se perceber que para o homem, a tarefa é ininterrupta. Enquanto pudermos fabricar esperma, vamos querer espalha-lo, e somente um acidente grave com os testículos encerra a fabricação de esperma (apesar da quantidade diminuir com o tempo). Já no caso feminino, após gerar um, ou dois, filhos saudáveis e inteligentes, a fábrica fecha. Nunca esquecendo que, mesmo sem gerar esses "filhos saudáveis", após algum tempo, a fábrica fecha. Em suma, os homens vão estar sempre correndo atrás d'um rabo de saia, mas para as mulheres, isso é mais um caso de escolha do que instinto. Existe muito caldo ainda na laranja, mas acho que o que foi escrito aqui já é o suficiente para uma reflexão pessoal mais aprofundada.Voltemos então para o caso específico das mulheres com mais de 40 e muita vontade de viver.

Eu não tenho uma conclusão para esse fenômeno, nenhum ponto final, mas confesso que, de certa forma, essa inquietação me anima. Percebam, aí está a verdadeira revolução. Não é um movimento ideológico, mas sim uma necessidade verídica, honesta, pura. Uma manifestação do espírito humano. E este não é um caso isolado. Eu conheço mais algumas diversas mulheres que sentem o mesmo. As mulheres gritam por vida! E eu aplaudo, sim, eu aplaudo. Seria interessante se essas mulheres se conhecessem, ficassem amigas, sei lá. A Internet tem um potencial maravilhoso para isso. Mas a execução disso não cabe a mim. Etâ geraçãozinha maravilhosa. Já não bastasse as revoluções sexuais dos 70, elas ainda querem mais. Questionadoras, polêmicas e muito genuínas. Essas mulheres ainda vão longe, mais longe do que qualqeur homem já foi.

"E até as mulheres, ditas escravas, já não querem servir mais."
- Raul Seixas, Novo Aeon


Explodingdog - cleaning is fun

 

17 julho 2006

Of Fire?

Sim, a banda Rhapsody mudou de nome. Agora eles são o Rhapsody of Fire. Ainda bem que eu não gosto mais deles.



Que feio, Mário Henrique, desviando a atenção dos posts, quando você queria estar falando Dela.

 

15 julho 2006

Pr 9:10

Ontem eu fui a um funeral. O funeral de um amigo não muito íntimo, mas um amigo. Um ex-aluno de Crisma, irmão de um amigo e filho de uma grande amiga da equipe de catequese. Como disse o Quinho: "É estranho, porque ele está lá, mas não está mais". Sim.

Sentado em um dos bancos, velando, percebi que estava vivo. Não digo que soube que estava vivo, mas sim, tive que encarar que estava vivo. Quando eu penso em quão absurdo a vida é, na magnitude do universo e no tamanho acaso fez com que eu seja, com que eu exista, fico encantado e um pouco assustado. Não vou tentar explicar, e nem acho que seria possível. Isso é algo que eu sinto, mas não é algo que consigo entender. Estamos adormecidos, anestesiados. Nossas preocupações, nossos sonhos, crenças e expectativas, nossos problemas e urgências, tudo isso nos impede de ver, mas não de saber. Talvez seja melhor esconder-se atrás desse castelo de falsas promessas que chamamos de real. Talvez seja, mas ontem, por um breve momento, eu pensei o oposto disso.


Explodingdog - brain rot


"Como expectadores em uma sala de cinema, podemos viver uma fantasia por um tempo e esquecer que lá fora está escuro, frio e chovendo, mas cedo ou tarde teremos que abandonar nossos lugares (nossos assentos). E sob todos os medos está o medo de abrirmos a porta que esconde uma terrível verdade: que nós conscientemente, e com grande energia e persistência, escolhemos 'não saber'."
- Colin Low, Notes On Kabbalah (The Sephiroth: Binah, Chokmah, Kether)

 

13 julho 2006

Pin Up

Uma rapidinha (porque mesmo as rapidinhas, às vezes, são necessárias).

Desde que houve um ser pensante sobre a Terra, discute-se estética. O que é belo e o que não é, mas nunca ninguém conseguiu chegar a um consenso. Porém hoje, da maneira mais idiota possível, a verdade me atingiu: a perfeição estética, a coisa mais linda de todo o universo, é uma blusinha branca, uma calça jeans e tênis all-stars. De cabelo solto, é claro!


Alberto Vargas - Pin-up (agosto de 1945)

MSN - 1:20 da manhã

Mário Henrique :: O medo do certo é o treco do demo diz:
eu sou escorpiano
banin diz:
eu sou cancerigeno
Mário Henrique :: O medo do certo é o treco do demo diz:
você é canceriano
banin diz:
isso

as coisas que acontecem de madrugada...

 

12 julho 2006

Transamerica

Há algum tempo, eu estava assistindo o programa vespertino do Clodovil, quando ele, num de seus não tão raros momentos de extrema lucidez, disse algo sobre o drama de uma travesti tomando banho: ela se olha no espelho e vê uma mulher perfeita, peitos, cabelo, e todo o resto, mas olha para baixo e vê que existe algo a mais. Aquilo realmente me tocou. Todos nós nos consideramos pessoas incompletas; temos nossos altos e baixo, nossos dramas e conflitos. Agora, imaginem não conseguir fugir desse conflito nunca. Imaginem como deve ser ter uma parte do seu corpo sempre a lhe lembrar que algo está errado; que você não pertence ao mundo; que você não se encaixa?

Bem, esse foi um assunto que me fez pensar um pouco na época, mas que já estava adormecido em meio a confusão da minha cachola (out of the chaos of my doubt), até ontem, quando eu assiti a dois filmes: Transamerica e Café da Manhã em Plutão.

O primeiro, e melhor dos dois, conta a história de um(a) transexual, as vesperas da operação de troca de sexo, que descobre ter um filho adolescente e problemático do outro lado dos EUA e é forçado(a), pela sua terapeuta, a ir encontrá-lo, e resolver esse problema antes de realizar a operação. A história é extremamente dramática, mas não chega nem aos pés de Magnólia em termos de choradeira e sofrimento. Em vez das personagens serem escravas da culpa e das maldições do passado, enfrentam tudo com um maravilhoso senso de humor, que somente gente com problemas de verdade pode ter. Destaque para a cena da lanchonete no meio do nada.



O segundo filme, não tão bom, mas mesmo assim divertidíssimo, nos apresenta Santa Gata (Saint Kitty), uma transexual irlandesa filha de um padre e da Dama das Sombras (Shadow Lady, não confundir com Queen of Shadows), sua maior inspiração e busca. Abandonada pelos dois, Gata vive com uma mãe adotiva e uma irmã rabugenta. Cresce ao lado de um grupo bem peculiar de amigos (incluíndo um garoto com Sindrome de Down) e descobre que, as vezes, a gente é simplesmente diferente. Café da Manhã em Plutão é um filme que trata dos sonhos de um ser humano, da luta diária por "fazer parte", de se conhecer e acreditar em si mesmo. Chego até a visualizar Santa Gata como uma Amélie Poulain transexual.



Pronto, a dica está dada. Dois ótimos filmes, sobre assuntos complicadíssmos, abordados de uma maneira leve e descontraída. Ainda temos muito o que aprender com o pessoal GLBT, mas eu ainda acreito que os HT algum dia aprendem. Ah sim... algum dia.

 

09 julho 2006

Ela

Eu escrevi este conto no fim de 2002, começo de 2003. Na verdade eu nem lembrava que o tinha escrito, mas então alguma coisa me fez lembrar dele. É, talvez não seja tão mal ser uma ela... Aliás, uma não, pois não existem artigos indefinidos no amor.

- Eu gosto de você.
- Eu entendo, mas me diga: Você é Ela?
- Como assim?
- Ela, a pessoa que me foi destinada, minha outra metade. Ela, entendeu?
- Sim.
- Então, é você?
- Desculpe, mas eu não saberia dizer.
- Como não, estou lhe procurando a vida toda e você nem sabe me dizer se é você ou não o que eu procuro?
- Desculpe Mário, não posso lhe responder isso.
- Ah meu deus. Se você não é ela, então quem será?
- Sei lá, mas eu não disse que não era ela. Só disse que não saberia lhe dizer.
- Então você é?
- Não sei. Ai, você está me deixando confusa.
- Confuso estou eu. Você não sabe o que é procurar a vida toda por uma coisa e nunca ter a certeza de ter encontrado.
- Isso é verdade, mas até onde isso o levou?
- Isso o que?
- Essa busca.
- Nenhum lugar, ou melhor, ao sofrimento. Mas quando Ela chegar... Quando eu a encontrar...
- Como você vai saber que a encontrou?
- Não sei, espero que Ela saiba.
- Mas Ela também não está lhe esperando?
- Sim, claro. Fomos feitos um para o outro.
- E como Ela vai saber que o encontrou?
- Não sei, mas não vou desistir.
- Mas e eu? Se eu não sou Ela você vai fazer o que comigo?
- Não sei, mas não vou parar de procurá-la.
- E você quer que eu aceite isso? Como você acha que eu me sinto?
- Péssima, eu sei. Acho melhor acabarmos com isso antes que cause mais sofrimento. De que adianta tentar continuar se não vai dar certo mesmo, não acha?
- Não, eu não acho, mas se você quer assim, então seja. E nunca me procure mais Mário Henrique. Só espero que você encontre Ela, ou teráperdido toda sua vida.
- Não, espere...
Então ela saiu. E foi nesse momento que ele soube que havia encontrado Ela, mas agora era tarde demais.


Explodingdog - she held my hand

 

07 julho 2006

The Tower Fever is Back!


"One more step into the Dark Tower, and my whole body is in flames!"
- Blind Guardian, Somewhere far Beyond


Eu sei que eu deveria estar escrevendo alguma coisa útil aqui (ou pelo menos não tão fútil). Na verdade eu tenho muitas cosias para falar e discutir. Porém, hoje eu recebi um e-mail do Banin (visitem o blog dele!), contando que o Canção de Susannah, o sexto livro da Torre Negra, já está com a capa definida, e tem previsão de sair dia 26 de julho! (em vez de só sair em meados de setembro). Putaquepariu! Agora começa a minha caça nas livrarias para ver se o livro já saiu. Foi assim com todos os outros e quem presenciou isso alguma vez (no caso, o Quinho e o Gustavo), sabe que a coisa é feia. Agora eu só consigo pensar nisso, sonhar isso, comer isso, beber isso.

Condenação?
Salvação?
A Torre.
Ele chegaria à Torre Negra e lá cantaria seus nomes; lá cantaria seus nomes; lá cantaria todos os seus nomes.
O sol deixava no leste um rosado sombrio e por fim Roland, não mais o último pistoleiro mas um dos três últimos, dormiu e sonhou seus sonhos febris por onde corria um único e tranqüilizador raio azul:
Lá vou cantar todos os seus nomes!

 

06 julho 2006

Portugal


Goleiro Ricardo durante penalti do jogo contra França


Tanto Mar
Chico Buarque

Foi bonita a festa, pá
Fiquei contente
Ainda guardo renitente um velho cravo para mim
Já murcharam tua festa, pá
Mas certamente
Esqueceram uma semente nalgum canto do jardim
Sei que há léguas a nos separar
Tanto mar, tanto mar
Sei, também, quanto é preciso, pá
Navegar, navegar
Canta primavera, pá
Cá estou carente
Manda novamente algum cheirinho de alecrim

Valeu Portugal! Você lutou bravamente. Deixe que outros levem a copa para casa, o verdadeiro vencedor foi você.

 

05 julho 2006

Gente de Lua

Este é um poema que escrevi para a minha irmã e dei como depoimento no orkut. Como eu, vira e mexe, me esqueço do que escrevi, resolvi postar aqui, meu backupizinho pessoal.

Tem gente que é “de Lua”, sabe?

Gente que uma hora ta feliz e na outra triste;
Gente que se apaixona, corre, sofre, xinga e, de repente, desiste;
Gente que jura que vai ser diferente desta vez, e quando menos se espera, reprise.

Gente instável, insana; incompreensível para nós, os Racionais.
Que fazemos troça, tiramos sarro de seus humores tão sazonais.
“Mas são vocês que não entendem”, ouvimos, “por ignorarem os fatores emocionais”.

Gente de Lua é assim.
Acha que a vida é só sonho.
Fazem o maior drama por qualquer coisinha, como se o mundo fosse seu patrimônio.
Quisera eu ter a capacidade de, num segundo, mudar do depressivo para o risonho.

Gente de Lua me incomoda por ter uma vida tão abstrata.
Foi então que conheci uma menina que tinha no rosto a verdade estampada:
"O mundo está dividido em dois: Gente de Lua e Gente Chata."


Explodingdog - I wonder what the moon is up to?

 

04 julho 2006

A Twist in the Myth

Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!!!

Vazou!!!!

[EDIT:] Eles conseguiram mais uma vez. Puta que pariu! Esta deve ser a sexta vez que eles reinventam seu próprio som!


Explodingdog - if you're happy, and you know it, clap your hands

O pão nosso...

Foi o Tio Du quem me contou. Não sei o nome da senhora, nem me lembro donde ela é, o que sei é que ela, toda noite antes de dormir, na hora de rezar, pede mais um dia de vida para Deus. Não, ela não pede rios de dinheiro, uma saúde invejável ou grandes felicidades. Ela pede mais um dia de vida. Nessa brincadeira, os anos tem passado e ela continua lá, vivendo um dia de cada vez.

"O pão nosso de cada dia, nos dai hoje"


Explodingdog - another day

 

02 julho 2006

I wanna take my baby dancing tonight

I wanna take my baby dancing tonight.
Enjoying every second, feeling nothing, but alright.
There would be some magic moments and lots of flashing lights,
If I could just take my baby dancing tonight.

The floor was raging, and the beat was pumping
And I couldn't keep my feet on the ground.
It felt like heaven, but without an angel,
'Cause I knew my baby wasn't around.

I know you've been so tired.
But I can light your fire.
And make you forget all your teenager frights

So don't waste your whole life sleeping.
Your dreams won't pass your ceiling.
And let me take you, baby, dancing tonight.


Explodingdog - let's dance