26 maio 2005

Sabedoria

Sabe por que é que a gente consegue ouvir nossa própria voz dentro de nossa cabeça? É para que os outros não tenham que ficar ouvindo todas as merdas que se passam dentro dela.

 

20 maio 2005

I have a bad feeling about this...

Ontem, dia 19, assisti ao terceiro episódio de Guerra nas Estrelas, o tão esperado "A vingança dos Sith". Então, finalmente acabou a saga. Todos os episódios foram gravados e todos os elos fechados. Como por um bom tempo, o grande assunto vai ser esse filme, resolvi escrever um pouco sobre Guerra nas Estrelas também. Alias, vou aproveitar esse espaço para demonstrar umas semelhanças que percebi nestes filmes. É engraçado, mas se você dividir os seis filmes em duas trilogias, você acaba notando que as duas tem como base a mesma história. Se eu fosse um nerds-babão-gordo-de-óculos (a parte do gordo de óculos é culpa do Neil Gaiman, briguem com ele) eu chamaria a primeira trilogia de "saga da perversão" e a segunda de "saga da redenção", mas como não sou um nerds-babão-gordo-de-óculos, não vou me referir a estes termos.

Se compararmos "A Ameaça Fantasma" (ep1) com "Uma Nova Esperança" (ep4) vemos que ambos os filmes são muito obscuros em termos de história, ambos possuem um final ridículo (vencemos...êêêê!!!) e ambos só não fracassaram totalmente devido a presença de um puta vilão fodônico (Darth Maul e Darth Vader). Os nossos heróis (Anakin e Luke) tem uma participação importante para a derrota do inimigo. É nesses primeiros episódios que eles são apresentados a ordem Jedi. Esses filmes quase ignoram a existência do Imperador (Senador Palpatine). Bem, na verdade quem ignora a existência do Imperador é o próprio público normal, quem nem tem saco pra entender todas as milhares de insinuações ultra-mega-importantes-para-os-próximos-filmes que esses dois episódios carregam. Episódios de teste, eu diria. Se funcionar, eu explico melhor, diria Lucas.

Já os segundos episódios, "O Ataque dos Clones" (ep2) e "O Imperio Contra-Ataca" (ep5) são aqueles destinados ao condensamento da trama. Nossos heróis são aprendizes Jedi (Padawan), porém já possuem responsabilidades de Jedis formados, e ambos tem as mãos decepadas por um Lord Sith (Jedi do lado negro da força, conhecidos como Darth alguma coisa). O final de ambos é um grande sinal de reticências, já que guerras estão acontecendo e problemas precisam ser resolvidos. É nesses episódios que nasce o amor na família Skywalker, seja Anakin/Padme ou Leia/Han Solo. E é neles que algum decendente mercenário da familia Fett (Jango ou Bubba) aparecem. São meus favoritos devido ao número de respostas e ligações que eles apresentam. Os primeiros são divertidos, os segundos interessantes. O lado negro da força está cada vez mais forte e nossos heróis cada vez mais confusos. O uso da palavra ataque em ambos os título é algo que não acontece nos títulos originais, por isso não me refiro a isso como uma semelhança.

Já os terceiros episódios, "A Vingança dos Sith" (ep3) e "O Retorno dos Jedi" (ep6), fecham toda a saga, da perversão ou redenção (putz! Usei os termos!). Neles o imperador finalmente aparece como peça chave de toda trama. É importante ressaltar a aparição de excessivas criaturas peludas, sejam Wookies ou Ewoks. Aliás, originalmente os Ewoks não existiam e os Rebeldes eram salvos por Wookies. Nossos heróis já são Jedis formados (e usam roupas pretas) e a batalha final entre Jedis e Siths acontece. No primeiro, os Jedi são eliminados e os Sith se elevam, no segundo o oposto acontece, fatos retratados nos títulos. Yoda se ferra e Anakin aparece com a cara toda deformada em ambos. Vitória ou derrota, as sagas acabam, a velha conhecida música toca e é hora de voltar ao mundo real.
Ahhhhhhh É! Como se isso existisse para os Nerds! Zwooooon Zwoon.

 

12 maio 2005

You're not the boss of me now... and you're not so big

- tema do seriado Malcom

Conversando com o Viola outro dia, discutíamos sobre anarquia e, no fluir da conversa, eu disse que não gostava da pressão de se ter chefes e que achava que tudo seria bem melhor sem eles. Daí (com um i bem grandão) o Viola me disse que o mundo não funciona sem punição. Ele então me perguntou: Você viria trabalhar se não fosse demitido (e não tivesse descontos no salário - complemento eu)? Meu, é claro que não! Argumento esse que de início parece justificar todo o sistema. Nós temos chefes e cobranças porque caso contrário, nunca trabalharíamos, nunca produziríamos nada. Certo?

Bem, esse sentimento me incomodou por um bom tempo e, por causa disso, refleti um pouco sobre o assunto para descobrir (ou inventar) uma teoria que negasse essa idéia, que a anulasse, permitindo assim melhores noites de sono.

A idéia veio como um clarão, algo simples e obvio. Foi dito que sem um chefe, sem uma cobrança, nós não trabalharíamos, mas então, um homem com fome não caça? Um artista com um impulso criativo não cria? E para isso precisamos de ordens? Claro que não. Percebam, o homem faz livremente tudo aquilo em que encontra um motivo para ser feito. O homem vive por seus ideais (sejam eles quais forem). Os homens somente precisam de chefes, porque não acreditam naquilo que fazem. Não nós faz sentido acordar cedo todos os dias para realizar tarefas burocráticas, construir casas para os outros ou qualquer outro tipo de tarefa estúpida feita sem coração. Pense em donas de casas, quem as chefia? Elas sabem a necessidade de seu trabalho (mesmo que isso seja algo programado em sua mente desde a infância).Elas veêm os resultados. Arriscando brincar de Marxista, eu diria que precisamos de chefes, porque o processo é fetichista e alienante. E nós aceitamos tudo, é claro, precisamos do dinheiro.

Quem irá trabalhar no dia seguinte, quando todos perceberem que não existe nenhum objetivo em nada do que fazemos? Com certeza teremos mais agricultores, menores fazendas e muito mais vida.


words of wisdom

 

07 maio 2005

Divagando no busão

Interessantes são as idéias que nos surgem quando estamos em estado de espera. Enquanto aguardamos alguém chegar, ou durante uma viagem, nossos sentidos recebem todo tipo de imagens e sons e coisas muito interessantes acontecem quando nos deixamos levar por esses rios criados em nossa cabeça por essas sensações.

Hoje, vindo para o banco, peguei um ônibus não muito cheio, mas sem nenhum banco para sentar. Eu tenho a mania de não passar para o outro lado da catraca se isso não for necessário. Gosto da parte da frente dos ônibus, é mais vazia e sempre sobra algum espaço para eu sentar - o que não aconteceu hoje. Num dos primeiros acentos, no assento da janela, estava uma garota linda. Sua beleza misturava aquilo que chamo de beleza óbvia - os paradigmas de beleza, no caso dela, loira e pele branca; e também tinha um pouco de beleza pessoal, ou oculta. A beleza pessoal é aquela que se encontra na postura, na forma como mexe o cabelo, no sorriso, na essência da pessoa - sem nenhuma ligação direta com a beleza interior. Ou seja, a beleza pessoal é aquilo que comumente chamamos de charme. E aquela garota tinha muito charme, mesmo dormindo. Aliás, por estar dormindo, pude observá-la muito mais do que minha normal timidez permitiria.

Eu, por ser um maldito idealista, sempre valorizei (em meus discursos) a beleza interior. Para mim, a beleza natural das pessoas não poderia ser valorizada uma vez que ela era resultado de um acidente, e não da própria vontade da pessoa. Ninguém escolhe nascer lindo - e quem é lindo, nasce assim. Mas, olhando para aquela garota dormindo igualzinho a um bebê, atirei todos meus ideais pela janela. Ela era linda, e "beleza é fundamental", né Vinicius? Mesmo quando ela tirou um lenco de papel improvisado do bolso e roçou o nariz, ainda meio dormindo, foi lindo. E acho que é assim a beleza, somente é. A gente sente, não explica.

De repente, me pego pensando no logotipo que fiz para a Vivian, namorada do Gustavo. Era um logotipo criado para um vídeo de formatura (algum evento, na verdade) que elas deviam editar e entregar como um trabalho para a a faculdade. Turismo, a Vivian faz Turismo (quero dizer, o curso de verdade, e não que ela é uma aluna que somente aparece nas aulas de vez em quando). Comecei a pensar no motivo de alguém que faz turismo ter que editar um vídeo, e vários outros trabalhos que fiz na faculdade, que aparentemente não tinham motivo de existir, passaram pela minha cabeça. Lembrei me do discurso de vários professores que diziam que aquilo seria importante pois era bom conhecer todo o processo, mesmo aquela parte que não nos cabia fazer. Uma desculpa plausível, mas não verdadeira. Como professor, ou pelo menos pensando como um, percebi que a confecção de aulas não é totalmente voltada as necessidades do aluno, ou vocês realmente acreditam que todas as matérias tem conteúdos exatos que cabem perfeitamente no ano letivo? É claro que existe muita "encheção de lingüiça", muitas aulas preparadas estrategicamente para passar o tempo de uma forma dissimulativa e "interessante".

Ao perceber isso, vi que muitas outras coisas na vida são assim. Parecem super necessárias, trabalhosas, grandiosas - mas é tudo placebo. Alguém aí assistiu o Mágico de Oz? Não? Então vá ver agora, eu espero...............ok, depois você faz aquele esquema de ouvir junto com Pink Floyd, voltemos ao filme. A cena crucial do filme acontece quando Dorothy e sua gangue então no salão do Mágico de Oz e se deparam com uma gigantesca cabeça com fumaça por todos e uma voz grave e berrante que se autoproclamava o Mágico de Oz. Do lado da cabeça, uma porta (acho que era uma cortina) por onde eles entram e descobrem que tudo aquilo não passava de uma série de efeitos criados por um homenzinho, o verdadeiro mágico de Oz. Ou seja, as coisas parecem muito maiores por aqueles que nunca olharam para dentro da porta, aqueles que não conhecem as coisas como elas realmente são. Então eu dividi o mundo em duas partes, antes de olhar dentro da porta e depois de olhar dentro da porta. Na primeira, o mundo parece um lugar maravilhoso e as possibilidades são bem maiores. O mundo antes de olharmos através da porta é um mundo maravilhoso, mas ao mesmo tempo assustador. O mundo após o vislumbre do interior da porta é algo totalmente diferente. Nele, nós não mais sonhamos, nós conhecemos. No mundo após a porta, não existe fé, mas sim experiência, vivência. Porém, o mundo após a porta é um lugar entediante para aqueles que não sabem ousar, inovar, criar.

Então o ônibus já está quase chegando ao seu destino. E minha loirinha ainda dorme e eu ainda não arranjei um lugar para sentar. Sabe, haviam alguns vazios na frente, mas também haviam pessoas frente a eles - no melhor tipo "guardando caixão". Eles desejavam sentar-se nos lugares, mas tinham medo de que algum idoso aparecesse e tivessem que sair - igual ao fenômeno dos acentos cinza do metrô, sabem? Cara, já entrei em algumas brigas por causa desses lugares da frente. Com velhinhos é claro, sempre com eles. Da última vez, eu, dormindo (como sempre) no banco, desperto e ouço uma conversa de duas senhoras que reclamavam os bancos como sendo somente seus e que os jovens não tinham respeito e toda a ladainha básica. Desta vez eu me irritei, virei para elas e disse:

- Minha senhora...

- Olha só como ele fala.

Parece ridículo, mas foi bem assim, e o resto da conversa não mudou muito não. Ela me disse que os lugares eram delas e eu disse que ainda haviam lugares disponíveis na frente para qualquer idoso que quisesse se sentar. Ela retrucou dizendo que ela poderia querer sentar no meu lugar e blá blá blá. Tentei me explicar, pois eu sentava na frente para economizar dinheiro, caso precisasse pegar outra condução (e naquele dia eu precisava), mas não foi muito longe a conversa pois ela começou a atacar meu pai e minha mãe (que lindo!) e eu resolvi passar a catraca.

Desde que comecei a andar de ônibus regularmente (desde que comecei a trabalhar), venho criando uma certa raiva pelos idosos que freqüentam as conduções. Na verdade, só de um tipo deles, pois os velhos vem em dois formatos: o vôzinho querido e o egoísta com mania de perseguição. Os vôzinhos são super divertidos e sempre querem que a gente fique bem. Para eles, não existem os direitos de idosos a não ser que necessitem muito deles. E nesses casos ele nem precisa reclamá-los, pois todos também querem o seu bem. Os outros são criaturas sem alma que pensam somente neles, arrogantes e desconfiados, os velhos pensam sempre em suas necessidades e acreditam que o mundo vai lhes servir porque devem para ele. Como se fosse nossa culpa por eles serem um frustados. Esses velhos são os restos de pessoas mesquinhas e solitárias do passado. Escória humana (existente em todas as idades).

Sete e vinte e cinco, chegamos na Praça da Sé, é hora de acordar. Minha menina se levanta e eu a sigo, nós pagamos a passagem e cada um parte para seu lado. A estética, o Mágico de Oz e os velhinhos ficam todos presos dentro daquele ônibus e minha mente agora se concentra agora somente em uma coisa: matar o tempo para que chegue logo uma hora da tarde, fim do meu expediente. Ei, tive uma idéia, que tal escrever um texto falando sobre tudo o que pensei na viagem para cá? Boa idéia!

 

02 maio 2005

- Professora, aqui está meu texto.
- Ok, mas cadê as citações?
- Como assim?
- Em que autor você se baseou?
- Bem, nenhum acho. Eu li algumas definições de arte, no wikipedia e também do Scott McCould, mas o que está escrito é o que eu penso.
- Então eu não posso ler isso.
- Mas, porque não?
- Mário, isso é empírico. Eu não posso ler um trabalho que seja empírico.

O texto foi atirado para o outro canto da sala por mim, furioso, que depois de ser acalmado por alguns amigos de classe, fui embora para casa ouvindo System of a Down no máximo.

"Science hás failed our world"

Eu sentia isso, muita raiva por todo conhecimento científico. Era esse maldito método que me impediu de ser ouvido. A forma foi mais importante do que o conteúdo. Se é seguir uma linha de pensamento (seguir, e não pensar ¿ sintam a diferença), digo que pela Cabala, a forma sem conteúdo, o Qlippoth, é o próprio diabo, são os demônios. Acho que desde muito tempo essa acéfala idéia moderna é vista como algo negativo. Não sou o primeiro.
Ela diz que não posso ser empírico, como se não houvesse conhecimento dessa forma, ou melhor, como se eu não tivesse autoridade para gerar conhecimento dessa forma. Desculpem-me, mas olhem a lista dos best-sellers de qualquer livraria, sei lá, os top-ten. Quantos deles não são criação livre de uma alma humana? Livre, eu digo, não de influências, mas sim, livres de um maldito cordão umbilical alienígena, que ao invés de nos alimentar, suga todo nosso fluído criativo. Imaginem então a vida seguida desse jeito. Imaginem como seria viver do modo teórico-científico.

Um rapaz anda pela rua quando topa com uma pedra. Ele então grita bem alto:
"Segundo xoxoxoxo, eu acabo de sofrer uma lesão em meu pé. E segundo yoyoyoyoyoyoy, isso dói muito."
Ou então:
"Oh Deus, Deus! Segundo zozozozozozo estou prestes a atingir o orgasmo."

Não é assim que desejo viver.

Mas então, é como EU sempre digo:
"Um vírus só ataca por dentro."

 

01 maio 2005

As pessoas se importam demais, e por causa disso sofrem. Percebam, não existe significado em nossa existência. Não existem metas, nem objetivos. Aliás, não existe nada fora do agora - deste agora. Pra que então construir? Nós construímos torres de babel a todo momento, buscamos a perfeição, buscamos melhorias, crescimento! O que interessa é adaptação e diversão.

Gente, pare de ser idiota. Preocupem-se menos e vivam mais.

No final, ele estava certo o tempo todo: